Participamos do

Moradores da Barra do Ceará denunciam esgoto da Cagece que desaba no Rio Ceará; Veja vídeo

Segundo eles, os órgãos ambientais já sabem sobre o problema, mas ainda não foi resolvido

"O rio por onde aportou os primeiros desbravadores pra descoberta das terras alencarinas na história. O rio que trouxe no seu legado histórico as suas margens um equipamento cultural da época da Belle Epoque", relembra com saudosismo o pesquisador e morador da vida inteira na Barra do Ceará, Rui Rodrigues, 38. Ele e outros moradores do bairro em Fortaleza, denunciam um esgoto, segundo eles, pertencente à Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), que libera grande quantidade de dejetos em um córrego na rua José Lima Verde que deságua no Rio Ceará. Conforme relatos, o problema é recorrente e já foram feitas diversas denúncias a órgão ambientes do Estado, mas nada foi resolvido. Eles relatam também o mau cheiro nos arredores.

Francisco Mairlon, também morador, mora próximo ao local e conta que o esgoto sai de uma estação da Cagece e a movimentação de ligar o despejo acontece, geralmente, na madrugada. "Eles têm essa mania de abrir esse bueiro que é um descarte de água de esgoto, que eles pegam das casas e das fossas, ele tiram os sólidos e o resto derramam aqui para todo mundo ver", reclama o morador.

Mairlon afirma que a população tem feito denúncias, mas mesmo com a presença da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), o problema é constante. "Eles vêm, mas não dá em nada. Eles andaram aqui ontem, bateram no portão (da estação da Cagece). Eles disseram que era mentira, que não tinha sido aberto, mas eu tenho a gravação", afirmou ele, que é o autor do vídeo. O senhor também conta sua preocupação com a situação pesqueira na região. " O rio Ceará é onde tem criação de peixes, onde eles entram para desovar", relata ele.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

"O odor é tão forte que é insuportável , e quando essas águas chegam ao rio Ceará, a mortandade de peixes e siri crustáceos é grande. Pescadores ficam impossibilitados de entrar até na água do Rio Ceará. É tão grande o mau cheiro que causa dores de cabeça nas pessoas e passam mal", comenta Rui. Ele conta que, segundo relatos de funcionários da empresa, as máquinas de tratamento estão sucateadas e não funcionam, além de não ser o suficiente para a demanda." A solução que tomada é abrir as comportas do jeito que recebem essas águas de toda Fortaleza e deságuam no rio Ceará", comenta.

No vídeo, é possível ver a proximidade entre o esgoto e o Rio Ceará ao fundo, com a ponte que liga o município de Caucaia a Fortaleza, pela avenida Ulisses Guimarães. Na região, existe a Área de Proteção Ambiental do Estuário do Rio Ceará, onde é proibido, entre outras ações, "atividades que possam poluir ou degradar os recursos hídricos abrangidos pela APA, como também o despejo de efluentes, resíduos ou detritos capazes de provocar danos ao meio ambiente", segundo é descrito pela Semace.

A gravação foi feita nesta quinta-feira, 28, por volta de 13 horas. Os moradores contam que, quando o órgão chegou, a vazão foi suspensa, mas na manhã desta sexta-feira, 29, o sistema voltou a funcionar e despejar os resíduos no córrego. " Eu não entendo o porque, se tem imagens, passa dias desaguando e não tem flagrante, tem provas existenciais substanciais e nada", ressalta Rui, que morou a vida inteira perto das margens do rio. Sem resposta, os moradores afirmam que vão buscar soluções por meio jurídico, com uma denuncia encaminhada a promotoria. 

A  Secretaria do Meio Ambiente(Sema) explicou que os vídeos foram recebidos e foi feita uma denúncia com a Semace, mas foram respondidos que o local é uma Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) licenciada pelo Município, na forma da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma). Ainda segundo a pasta estadual, a fiscalização seria de responsabilidade da Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis), para a qual foi feita uma denúncia ao órgão, com solicitação de urgência. Entretanto, ressalta que Sema tem o papel de fazer a gestão das Unidades de Conservação Estaduais, não possuindo atribuição de fiscalização ambiental ou poder de polícia administrativa.

Em nota, a Cagece afirmou já enviou equipes ao local e o serviço deve ser concluído ainda nesta sexta. A água, segundo a Companhia, seria oriunda da chuva dos últimos dias. "O lançamento indevido de águas pluviais, com as últimas chuvas que caíram em Fortaleza, além de resíduos sólidos lançados inadequadamente na rede coletora, sobrecarregaram em cerca de oito vezes a capacidade do sistema, gerando obstrução e extravasamento", afirmou a nota.

A empresa completou ainda que a população deve estar alerta sobre o uso adequado das redes e ratifica que o sistema de esgotamento sanitário deve receber apenas o esgoto gerado nos imóveis. Nenhum tipo de resíduo como lixo, gordura, areia ou água de chuva deve ser destinado para as redes da Cagece.

As ocorrências devem ser encaminhada por meio canais de atendimento disponíveis, como o Cagece App (disponível para Android e iOS), a Central de Atendimento (0800 275 0195), disponível 24h por dia, ou por meio da Gesse, a assistente virtual da companhia, que atende pelo site www.cagece.com.br. Nesse período, não há atendimento presencial nas lojas e núcleos de atendimento no interior do estado.

Agefis informou que enviou agentes ao local e deve apresentar relatório sobre a ação. Em resposta, a Seuma informou que Denúncias e fiscalização são de responsabilidade da Agefis, e que não realiza nenhum tipo de fiscalização sobre essas questões. 

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar