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Conheça uma médica encarregada pela comunicação com familiares durante a pandemia

Sem visitas para evitar transmissões de Covid-19, familiares dependem de equipe de médicos para ter notícias sobre o estado de saúde dos entes queridos e tirar dúvidas
13:59 | Mai. 22, 2020
Autor Catalina Leite
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Catalina Leite Repórter do OP+
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Tipo Notícia

O mundo ainda está no escuro em relação à pandemia de Covid-19. Quando voltaremos ao normal? Qual o tratamento eficaz para o novo coronavírus? Quais serão os impactos da doença? São muitas perguntas. Para respondê-las, pesquisadores de todo o globo mobilizam-se em estudos para garantir informações suficientes aos gestores e cidadãos.

No entanto, existem outras perguntas que são tão urgentes quanto: as dos familiares que deixaram os entes queridos nas unidades hospitalares. Sem direito a visitas para evitar a transmissão de Covid-19, muitos cearenses dependem do contato de médicos para saber o quadro clínico dos parentes. É aí que entram os médicos comunicadores.

A missão deles é atualizar diariamente a condição dos internados aos familiares e sanar a qualquer tipo de dúvida. A descrição parece simples, mas o trabalho dos profissionais envolve técnica e muita empatia. “Só nos colocando no lugar do outro, olhando as coisas pela ótica do próximo, é que podemos compreender, de fato, a sua realidade”, comenta Ana Laís Nocrato, médica da família atuando no setor de médicos comunicadores Hospital Regional da Unimed (HRU).

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Desafios

Composto por 28 profissionais, o setor funciona de domingo a domingo analisando prontuários e traduzindo jargões técnicos em informações palpáveis para parentes. Esse é o principal desafio, uma vez que nem sempre as notícias são boas. “Saber lidar com a angústia e o sofrimento do familiar que está do outro lado da linha [é desafiador]. É preciso ponderar sempre a compreensão desses sentimentos da família com uma informação precisa, verdadeira, mas, acima de tudo, humana”, diz Ana.

Ainda, com o contato sendo via WhatsApp e por ligação telefônica, a delicadeza e força dos médicos comunicadores precisa ser muito maior. Isso porque a ausência do toque humano também os obriga a encontrar outras maneiras de dar conforto aos familiares em momentos de sofrimento.

“Confesso que nos primeiros contatos fiquei um pouco apreensiva”, relembra Ana Laís o primeiro dia do setor. Foi no dia 8 de abril, quando a demanda do HRU para leitos de Covid-19 aumentava. No dia, o Ceará já registrava 1.374 casos confirmados e 53 óbitos pelo novo coronavírus. Um mês e meio depois, o Estado lida com 31.413 confirmados e 2.161 mortes, segundo atualização desta quinta-feira, 21, às 18h35min na plataforma IntegraSUS.

Sensação de dever cumprido

“Amo a minha profissão. Por isso, cada dia é dia de dar o máximo para cumpri-la da melhor forma possível.” Na opinião da médica, é a dedicação diária que a ajuda a enfrentar as dificuldades da pandemia. Planejamento, foco, determinação e autoconfiança são fatores que Ana considera motivar todos os médicos comunicadores. “É um trabalho árduo, mas extremamente gratificante.”

Apesar dos desafios e do futuro ainda incerto, a profissional de saúde se firma no dever de levar informação a todas as famílias. A cada contato feito, uma missão cumprida. “Eu começo a trabalhar todo dia com a vontade de fazer todo o possível para que o expediente acabe exatamente da mesma forma que ontem: com a sensação de dever cumprido.”

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