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Com dobro de homicídios no Ceará, Nordeste impulsiona aumento de mortes violentas no Brasil

Neste ano, Ceará tem 50,4% homicídios a mais que em 2019
13:50 | Abr. 29, 2020
Autor Rubens Rodrigues
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Rubens Rodrigues Repórter do OPOVO
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Tipo Notícia

O Nordeste puxou o avanço de 8% em assassinatos no Brasil só nos dois primeiros meses de 2020. Em relação a 2019, o País teve 548 mortes a mais neste ano. Os números fazem coro às reportagens que O POVO vem publicando durante este ano em relação à violência no Ceará, que cresce no cenário de pandemia e já soma, no período, mais assassinatos que o ano mais violento na história do Estado - como ficou conhecido o ano de 2017.

Foram 7.743 mortes violentas em janeiro e fevereiro deste ano no Brasil, enquanto o primeiro bimestre de 2019 marcou 7.195. O levantamento do portal G1 junto ao Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que 20 estados tiveram alta de homicídios e apenas sete apresentaram diminuição.

O Nordeste registrou 3.428 assassinatos no primeiro bimestre deste ano. No mesmo período de 2019, foram 2.793. São 635 mortes violentas a mais, representando aumento de 22,7%. O segundo maior número de mortes no primeiro bimestre está na região Sudeste, com 1.981 assassinatos. Ainda assim, é 0,6% a menos que o mesmo período do ano passado, que registrou 1.992 ocorrências.

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Depois vêm as regiões Norte (896 mortes em janeiro e fevereiro de 2020, menos 5,1% em relação a 2019), Sul (855 casos no mesmo período deste 2020, 3% a mais que em 2019) e Centro-Oeste (583 ocorrências no começo deste ano, 8,3% a menos que em janeiro e fevereiro de 2019).

Ceará

Nos dois primeiros meses do ano, o Ceará foi de 356 para 717 assassinatos. Indo mais além, o Estado teve 1.464 homicídios registrados do começo de 2020 até o último dia 26, conforme mais recente atualização da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) sobre Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs).

O número representa aumento de 12,6% em relação ao mesmo período de 2017. Na comparação com 2019, quando o Ceará registrou 726 assassinatos, o aumento é de 50,4%. É mais que o dobro.

Facções criminosas em conflito

Especialistas ouvidos pelo O POVO afirmam que a aceleração da curva de crescimento de homicídios já era percebida antes do motim da Polícia Militar, entre janeiro e fevereiro deste ano, quando 315 pessoas foram assassinadas.

Pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), Luiz Fábio Paiva afirma que conflitos entre facções criminosas se intensificaram nesse período, com "acertos de contas e reposicionamentos territoriais". Membro da Rede de Observatórios da Segurança, Ricardo Moura destaca que o momento é de "incidência para que áreas sejam retomadas e lideranças sejam eliminadas".

Em nota, a SSPDS reconhece que houve "conflitos entre células de organizações criminosas no Estado" durante a paralisação dos policiais militares, "o que refletiu nos períodos seguintes e seguiu a tendência das disputas desses grupos em âmbito nacional". A pasta comandada pelo secretário André Costa informou ainda que as forças de segurança do Estado "trabalham para reorganizar suas atuações e traçar novas estratégias". (Com informações de Lucas Barbosa)

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