Com dobro de homicídios no Ceará, Nordeste impulsiona aumento de mortes violentas no Brasil
Neste ano, Ceará tem 50,4% homicídios a mais que em 2019O Nordeste puxou o avanço de 8% em assassinatos no Brasil só nos dois primeiros meses de 2020. Em relação a 2019, o País teve 548 mortes a mais neste ano. Os números fazem coro às reportagens que O POVO vem publicando durante este ano em relação à violência no Ceará, que cresce no cenário de pandemia e já soma, no período, mais assassinatos que o ano mais violento na história do Estado - como ficou conhecido o ano de 2017.
Foram 7.743 mortes violentas em janeiro e fevereiro deste ano no Brasil, enquanto o primeiro bimestre de 2019 marcou 7.195. O levantamento do portal G1 junto ao Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que 20 estados tiveram alta de homicídios e apenas sete apresentaram diminuição.
O Nordeste registrou 3.428 assassinatos no primeiro bimestre deste ano. No mesmo período de 2019, foram 2.793. São 635 mortes violentas a mais, representando aumento de 22,7%. O segundo maior número de mortes no primeiro bimestre está na região Sudeste, com 1.981 assassinatos. Ainda assim, é 0,6% a menos que o mesmo período do ano passado, que registrou 1.992 ocorrências.
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AssineDepois vêm as regiões Norte (896 mortes em janeiro e fevereiro de 2020, menos 5,1% em relação a 2019), Sul (855 casos no mesmo período deste 2020, 3% a mais que em 2019) e Centro-Oeste (583 ocorrências no começo deste ano, 8,3% a menos que em janeiro e fevereiro de 2019).
Ceará
Nos dois primeiros meses do ano, o Ceará foi de 356 para 717 assassinatos. Indo mais além, o Estado teve 1.464 homicídios registrados do começo de 2020 até o último dia 26, conforme mais recente atualização da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) sobre Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs).
O número representa aumento de 12,6% em relação ao mesmo período de 2017. Na comparação com 2019, quando o Ceará registrou 726 assassinatos, o aumento é de 50,4%. É mais que o dobro.
Facções criminosas em conflito
Especialistas ouvidos pelo O POVO afirmam que a aceleração da curva de crescimento de homicídios já era percebida antes do motim da Polícia Militar, entre janeiro e fevereiro deste ano, quando 315 pessoas foram assassinadas.
Em nota, a SSPDS reconhece que houve "conflitos entre células de organizações criminosas no Estado" durante a paralisação dos policiais militares, "o que refletiu nos períodos seguintes e seguiu a tendência das disputas desses grupos em âmbito nacional". A pasta comandada pelo secretário André Costa informou ainda que as forças de segurança do Estado "trabalham para reorganizar suas atuações e traçar novas estratégias". (Com informações de Lucas Barbosa)