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Ações solidárias incentivam o Dia Internacional do Voluntário, comemorado hoje; saiba como ajudar

Práticas aumentam a autoestima do voluntário e melhoram os vínculos sociais, segundo especialistas

Nesta quinta-feira, 5 de dezembro, comemora-se o Dia Internacional do Voluntário. A data foi instituída em 1985 pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de promover e valorizar as ações solidárias em todo o mundo. Os grupos de voluntários atuam como agentes de mudanças em diversos setores da sociedade. Os segmentos variam entre apoios nos setores públicos de saúde às universidades, engajando a comunidade interessada.

Segundo a professora do curso de Psicologia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Alessandra Silva Xavier, ser voluntário melhora a saúde física e mental do participante. “Há um aumento na autoestima e no fortalecimento de vínculos com outras pessoas, pois é um trabalho coletivo”.

A professora relata que há constantes aumentos na sensação de insegurança e medo em sociedade, e considera que o voluntariado pode mudar essa situação ao proporcionar um entendimento e atuação em um espaço próximo da realidade do participante. “É possível encontrar ajuda em ações de respeito, convívio e tolerância, e isso pode ser proporcionado no trabalho voluntário”.

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Dentre os principais problemas encontrados para a efetivação do trabalho voluntário no Pais, estão a falta de reconhecimento do voluntário, falta de apoio do poder público e na persistência de uma cultura com valores individualistas. “Precisamos mudar para um pensamento coletivo e amplo, pois os voluntários têm uma perspectiva de compromisso com o futuro e com outras gerações”, afirma Alessandra. Situações de problemas pessoais dos próprios interessados em ajudar também podem atrapalhar a ação, que deve ser plena ao objetivo de ajudar o próximo.

Apesar da vontade ser o principal mote da ação voluntária, o interessado deve-se submeter a condições que melhoram a prática. Procurar temas de interesse é um dos pontos que podem ajudar na escolha da ação, além de estar em uma sensação de bem-estar que favoreça o trabalho. Capacitações também são necessárias, mas podem ser instituídas durante o processo seletivo de cada instituição.

Em julho deste ano, o Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado foi criado pelo Ministério da Cidadania. As ações visam utilizar espaços públicos para o desenvolvimento de ações que estimulem a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Sobre o tema, Alessandra reforça que a ação dos voluntários não podem substituir ações de políticas públicas, que devem ser obrigatoriamente cumpridas pelo Estado. “É um grande problema quando o governo utiliza a substituição de uma mão de obra qualificada por um voluntário, pois não há as mesmas garantias institucionais de um trabalhador remunerado”.

259 mil cearenses realizaram trabalho voluntário em 2018; índice nacional é de 7,2 milhões

 

Em pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 7,2 milhões de pessoas praticaram trabalhos voluntários no País. Em Fortaleza, o índice corresponde a 3,3% do número, totalizando 237.600 participantes. Grande parte dos trabalhos na Capital é realizado por pessoas entre 14 e 24 anos, brancas e com ensino superior completo.

O índice de participação de voluntários em Fortaleza caiu 9% quando comparado com 2016. Segundo Alessandra, isso se deve às questões socioeconômicas vivenciadas pelos brasileiros. O aumento do desemprego conduziu ao crescimento de trabalhos informais no Estado, refletindo-se no trabalho voluntário. “É difícil garantir essas ações sociais quando se é necessário sobreviver”, lamenta.

No Estado, homens e mulheres praticam as ações em índices parecidos, mas a taxa nacional reflete o contrário: 5% dos voluntários entre 14 e 24 anos são mulheres. Para Alessandra, isso se deve a um reflexo do fortalecimento de ações de cuidados e afeto constantemente ligados ao gênero, e pode trazer prejuízos para o trabalho voluntário. “É necessário se desvincular desses estereótipos, pois o trabalho pode ser realizado igualmente por todos”.

A maior taxa de escolaridade entre os voluntários cearenses é de pessoas com o ensino superior completo, com 6,4% do total. Apesar da queda, a taxa é constante quando comparada com 2016, que registrou 7,8% do total de voluntários do ano. O nicho de pessoas ainda está restrito por fatores como a carga horária de trabalho. Formandos costumam ter cargas horárias mais flexíveis que se adaptam a cargas horária voluntária.

Histórias de solidariedade precisam de ajuda

Instituto Bia Dote

Lucinaura Diógenes fundou o Instituto Bia Dote em 2013 com a intenção de trabalhar divulgando informações sobre saúde mental e a prevenção do suicídio. Inicialmente com palestras, o trabalho se expandiu e passou a atuar em escolas, em escutas terapêuticas na rua e em clínicas de atendimento popular.

Todo o trabalho da instituição é realizado de forma gratuita por 40 voluntários, dentre eles estudantes de psicologia e psicólogos formados. Todos os voluntários passam por treinamento prévio e podem atuar nas diversas atividades da entidade, como rodas de conversa e acolhimentos com pacientes.

Segundo Lucinaura, a maior demanda ainda são de profissionais que estejam disponíveis para exercer um trabalho pleno e contínuo para a instituição. “Temos psicólogos que já fazem atendimentos em suas clínicas particulares. Essa estabilidade favorece o trabalho pontual com a instituição”, cita Lucinaura.

O instituto necessita de voluntários que tenham ligação com a psicologia, como estudantes ou graduados no curso, e que tenham disponibilidade para ajudar. Itens de limpeza como lenços descartáveis também são aceitos. “Quem receber o trabalho voluntário precisa ter a melhor qualidade, e trabalhamos para isso ser possível”, conclui.

PARA AJUDAR:

Contato: (85) 99842-0403 ou pelas redes sociais no facebook.com/Institutobiadote/, Instagram @institutobiadote ou no site www.institutobiadote.org.br

 

Super-Heróis da Saúde

Kátia Jales relata que sua história com o trabalho voluntário começou durante sua graduação no curso de Direito, no qual abraçou diversos projetos voluntários. Atualmente, ela é administradora do grupo “Super-Heróis da Saúde”, criado com o intuito de reunir voluntários fantasiados de diversos personagens infantis para visitas em hospitais e orfanatos.

Ela teve a ideia de divulgar a ação em grupos do Facebook há quase um mês, e o grupo do WhatsApp já conta com dez voluntários interessados. Ainda há vagas disponíveis para o voluntariado, e as atividades estão marcadas para janeiro de 2020. A ideia é ir uma vez por semana em alguma instituição diferente. “Os voluntários estão bem direcionados para as atividades, que contarão com animações para as crianças e adolescentes”, comenta.

A administradora do grupo relata que a maior dificuldade é a financeira. As fantasias de personagens custam a partir de R$ 200, e Kátia não obteve doações até então. Ela comenta que pensa em até mesmo financiar as vestimentas por conta própria. “O que não pudermos fazer sozinhos, buscaremos ajuda”, afirma. O grupo também está recebendo doações de livros para as instituições, e a ideia é que tudo seja voluntário.

PARA AJUDAR

Contato: (85) 98859-7484 ou (85) 99992-7484

Currículo Solidário

O atendente Geilson Teles já foi voluntário anteriormente em outros projetos de Fortaleza, e percebeu que não existiam projetos que auxiliassem desempregados. Por R$ 40, fez a compra de uma impressora solidária e iniciou, junto com o vendedor, o projeto “Currículo Solidário”. O grupo tem o objetivo de ajudar desempregados na impressão e distribuição de currículos, além de palestras que orientam a pessoa durante a entrevista de emprego.

Para cada pessoa atendida, o grupo oferece três cópias do currículo, cópias da foto 3x4 utilizada para ilustrar o documento e um envelope que guarde os papéis. Com sete voluntários até então, o intuito é iniciar as atividades na Barra do Ceará e posteriormente expandir o projeto para outros locais.

Segundo Geilson, o coletivo ainda precisa de resmas de folha A4, além de voluntários com notebook que possam ser utilizados nas confecções dos documentos. “Em algum momento da vida, já chegamos a ficar desempregados e precisávamos de ajuda. O intuito é mudar essa realidade de alguma forma”, afirma.

PARA AJUDAR

Contato: (85) 98885-8642 ou pelo Instagram @grupotelesoficial

Confira especial feito pelo O POVO: Por que ser um voluntário? O material, publicado este ano, conta histórias de voluntariado pelo mundo. 

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