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Contato pele a pele garante melhora de bebês prematuros

Maternidade Escola realiza semana de prematuridade a fim de chamar atenção para a gravidade do problema. Ações ocorrem até sexta-feira, 22
16:29 | Nov. 20, 2019
Autor O POVO
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Tamanho pequeno, baixo peso ao nascer, pele fina e delicada, respiração irregular. Essas são algumas das características que um bebê prematuro possui. No Brasil, cerca de 13% dos partos têm esse perfil. O número também é alto no Ceará. Na Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac), principal referência no atendimento a prematuros no Estado, a taxa chega a 25%. Até outubro deste ano, foram 916 partos prematuros na unidade.

As causas de nascimentos prematuros, que configuram nascimento antes das 37 semanas de gestação, são muitas - parte delas desconhecida. "A gente tem alguns fatores da qualidade da assistência no pré-natal, gravidez na adolescência, gravidez não planejada. Mas nosso principal foco ainda é na assistência pré-natal", conta Clarice Uchôa,  médica obstetra da Meac.

A maternidade está realizando, entre os dias 17 e 22 de novembro, a 5ª Semana da Prematuridade. O evento é voltado para discutir boas práticas nos cuidados com bebês. As atividades da semana englobam cursos de capacitação, palestras, oficinas e exposições. Os temas discutidos vão de uso seguro de medicamentos até assuntos como vínculo familiar e terapia intravenosa em prematuros.

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Atualmente, são cerca de 53 bebês internados na Meac. Lá, eles recebem o tratamento necessário para crescer com mais segurança. "A gente sabe que a prematuridade é uma das principais causas de morbidade. Fazemos técnicas para evitar hipotermia e hipertensão. Na parte da obstetrícia, a gente traz alguns medicamentos para acelerar a maturação do bebê e também para tentar inibir o trabalho de parto", explica Clarice. 

Mesmo com as técnicas, o parto prematuro pode acabar acontecendo. Quando a equipe não consegue retardar o parto, eles acabam por utilizar medicamento que evitam danos neurológicos ao bebê. Assistência à paciente, obstetrícia e neonatal são passos importantes para garantir a saúde das mães e dos bebês.

A médica alerta, no entanto, que uma das principais formas de evitar um parto prematuro é fazer um pré-natal de qualidade. "O que infelizmente nós, como hospital terciário, não podemos alcançar e mudar é a qualidade da atenção básica no pré-natal de baixo risco", desabafa Clarice. 

Contato pele a pele como principal tecnologia

"Em geral, nosso bebes são prematuro extremos. Eles precisam de alta tecnologia", conta Ana Paula Melo Façanha, enfermeira neonatologista e chefe da UTI neonatal da Meac. Para a profissional, além da atenção técnica, inserir a família nos cuidados é muito importante. "Primeira coisa que a gente faz é colocar o bebê no contato pele a pele o mais rápido possível. É comprovado que o bebê que entra em contato com a pele cria um manto protetor com as bactérias presentes na pele do pai ou da mãe", explica Ana Paula. Esse método é conhecido como "Canguru" e é um momento especial para todos os envolvidos.

"Não tem sensação melhor do que quando você está com seu filho no colo". É assim que Antônia Silva, mãe de um bebê prematuro, o pequeno Heitor, que está internado na Meac há 14 dias, define o método Canguru. Ela veio de Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza, para ser atendida na maternidade. 

Mãe de primeira viagem, Antônia contou que tudo estava indo bem e que "não teve nenhum motivo, nenhum causa para o meu bebê nascer prematuro". No dia que entrou em trabalho de parto, ela estava trabalhando normalmente. Foi a partir do meio-dia que ela começou a sentir as primeiras dores. "Terminei meu expediente e cheguei em casa. Pedi para ser levada ao hospital. Fui transferida. Cheguei aqui por volta das duas da manhã", relata.

Na Meac, ela tomou medicamentos para retardar o parto e para amadurecer os pulmões da criança. Heitor nasceu às 10 horas da manhã de uma segunda feira, com 27 semanas, período considerado de alto risco.

"Ser mãe de prematuro é difícil, estou vendo isso agora. Venho todos os dias, tento ficar o máximo que posso. Fico acompanhando os manuseios", conta a mãe. Heitor está evoluindo. No dia em que conversou com O POVO, Antônia soube que o filho começaria a se alimentar sem a necessidade da sonda.

"É uma mistura de medo, porque você fica entre a vida e a morte. Um dia você sai feliz porque seu filho evoluiu bem e no outro dia você sai cabisbaixa. É uma mistura de emoções com medo, com amor. Mas você está sempre lutando para ser forte", finaliza.

É também dessa emoção que Eulália Rodrigues de Souza compartilha. Seu primeiro bebê nasceu com 33 semanas - estágio considerado de moderado risco. Eulália veio de Quixadá para ser atendida na Meac e conta que não soube identificar o momento em que sua bolsa rompeu.

"Cheguei na maternidade era uma hora da madrugada. Quando foi de manhã, umas seis horas, fui fazer exame de toque e o médico falou que ia nascer mesmo. Ele falou que ia nascer e não tinha como ser lá. Falou que lá não tinha suporte", relata. Ela levou mais de uma hora para chegar em Fortaleza e teve seu bebê na sala de exames de toque, pois não deu tempo de chegar a sala de parto.

Davi, nome recém decidido de seu filho, está há dois meses em tratamento, com oscilações em seu estado de saúde. Na última segunda, 18, o bebê teve de ir para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) devido a uma infecção. "Todo dia eu acordo, tomo banho, tomo café. Passo o dia inteiro com ele e quando é por volta das três horas eu volto.  É muito estressante na hora de vir, mas quando chego aqui, sinto muito alívio", desabafa. 

Ainda não há previsão de quando Davi estará totalmente recuperado. A médica obstetra Clarice alerta que é comum que bebês prematuros tenham mais internações no primeiro ano de vida."O bebezinho que nasce prematuro é mais frágil. Um bebê que nasceu antes do tempo não tem órgãos como coração e sistema gastrointestinal bem desenvolvidos", conta Uchôa. 

Para Eulália, resta fortalecer o contato pele a pele com Davi. "Eu tô vendo ele e ele vai sentir. Quanto mais ele me sentir, mais ele melhora, mais rápido ele sai", encerra. 

"Em geral, nosso bebes são prematuro extremos. Eles precisam de alta tecnologia", conta Ana Paula Melo Façanha, enfermeira neonatologista e chefe da UTI neonatal da Meac. Para a profissional, além da atenção técnica, inserir a família nos cuidados é muito importante. "Primeira coisa que a gente faz é colocar o bebê no contato pele a pele o mais rápido possível. É comprovado que o bebê que entra em contato com a pele cria um manto protetor com as bactérias presentes na pele do pai ou da mãe", explica Ana Paula.

Esse método é conhecido como "Canguru" e é um momento especial para todos os envolvidos.

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