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Pelo menos 309 árvores foram cortadas em Fortaleza para a realização de obras; números são desencontrados

Segundo a gestão municipal, 2.694 novas árvores foram plantadas como compensação aos cortes. Ativistas argumentam que maioria dos cortes poderia ser evitada e que manutenção das novas mudas é precária
08:49 | Set. 21, 2019
Autor O POVO
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Quem caminha por Fortaleza ou trafega com um olhar atento à Cidade percebe que há cada vez mais postes e cimento no lugar da já esparsa arborização. Aqui e ali, avistam-se algumas mudas mirradas recém-plantadas e outras árvores retiradas de seu local de origem para um terreno desconhecido e, por vezes, despreparado para recebê-las. No Dia da Árvore, comemorado neste sábado, 21, é preciso bastante empenho para encontrar uma sombra natural que alivie o calor.

O Movimento Pró-Árvore acompanha a questão e estima que mais de 550 árvores foram cortadas para a realização de grandes obras viárias nos últimos sete anos. Uma estimativa feita há um ano, a partir do banco de dados do O POVO e de autorizações de supressão no Diário Oficial, dá conta de que pelo menos 600 árvores foram retiradas para obras da Prefeitura entre 2012 e 2018.

À época, a Prefeitura afirmou, por meio de nota, que 356 árvores foram transplantadas e 204, suprimidas desde o início da gestão, em 2012. Um ano depois, a informação oficial é de que, para viabilizar obras de acessibilidade e mobilidade no período de seis anos, “houve necessidade de supressão de 309 árvores, entre espécies invasoras e nativas”. A retirada se justifica ainda porque tais árvores foram “afetadas notadamente pelas ações de mobilidade urbana”.

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“O desrespeito com que a Prefeitura trata as árvores é escandaloso. Retiram as árvores porque elas atrapalham, mas, muitas vezes, as obras poderiam apenas contorná-las”, opina Leonardo Jales, integrante do Pró-Árvore. Nos últimos 30 dias, 14 árvores foram removidas de seu local devido à retirada do canteiro central da avenida Duque de Caxias, entre a rua Padre Mororó e a rua Padre Ibiapina. A obra faz parte da implantação de trinário na região. Como compensação, a Autarquia de Urbanismo e Paisagismo de Fortaleza (Urbfor) prometeu o plantio de 150 novas árvores.

A Secretaria do Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) afirma que, em contrapartida às 309 árvores contabilizadas como suprimidas, foram plantadas outras 2.694. Ao mesmo tempo, há a previsão de mais 2.876 novas árvores na Cidade até o fim das obras de mobilidade do binário da Santos Dumont/Lauro Nogueira e avenida Beira Mar.

“O número de árvores plantadas é irrelevante, o que importa é quantas árvores sobreviverão, quantas estão passando por manutenção e cuidado”, opina Jales. Para ele, o critério fundamental deve ser a equação entre quantas árvores estão sendo plantadas e quantas estão sendo cuidadas.

O Movimento Pró-Árvore afirma que a Capital carece de um órgão específico para o cuidado das plantas, que em outras cidades é chamado de Departamento ou Fundação de Parques e Jardins. “Uma cidade com o tamanho de Fortaleza não pode carecer desse serviço, mas infelizmente ainda estamos bem distantes disso”. O ativista ainda explica que uma planta jovem não substitui a curto e médio prazo uma árvore de 50 ou 100 anos, como as que vêm sendo cortadas.

“O corte de árvores leva à perda dos serviços ecológicos - como preservação da biodiversidade, conforto térmico, conforto sonoro, conforto fotolumínico e refrigeração do ar - fornecidos pelas árvores”, relata. A arborização urbana é responsável por filtrar os ruídos sonoros de uma cidade e umidificar o ar, além de amenizar o calor das ruas e o desconforto trazido pelo sol forte ao fornecer sombra.

Dia da Árvore

A celebração do Dia da Árvore não tem origem precisa. Alguns pesquisadores argumentam que a data surgiu no continente americano a partir de uma iniciativa realizada em 1872 no estado de Nebraska, nos Estados Unidos. O político e jornalista Julius Sterling Morton teria plantado cerca de um milhão de árvore em 10 de abril daquele ano.

No Brasil, não é possível precisar o ano em que teve início, mas sabe-se que o dia 21 de setembro foi escolhido por estar próximo ao início da primavera no País. Em 1965, o presidente Castelo Branco outorgou decreto que instituiu a substituição da data pela Festa Anual das Árvores. Ainda assim, o Dia da Árvore permanece.

Para Jales, a data tem a importância simbólica e educativa de lembrar as pessoas das árvore e do meio ambiente como um todo. “As plantas são a base dos ecossistemas; então, celebrá-las é celebrar toda a natureza.”

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