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"Situação de terrorismo": a rotina nos bairros afetados pela onda de violência

Bairros afetados pela violência ainda sentem a rotina fora do normal nesta sexta-feira, 11
16:06 | Jan. 11, 2019
Autor Rubens Rodrigues
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Rubens Rodrigues Repórter do OPOVO
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Tipo Notícia
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Fora da rotina. É assim que muitos fortalezenses têm vivido desde o último dia 2, quando começou a onda de violência no Estado. As ocorrências diminuíram nos últimos dois dias e a sensação de normalidade é aos poucos restaurada. Ainda assim, bairros da Capital e Região Metropolitana (RMF) ainda lidam com as consequências dos ataques criminosos.

[SAIBAMAIS]Em Aracapé, localidade do Mondubim, onde uma van escolar foi incendiada na tarde dessa quinta-feira, 10, o clima é de medo. No momento do crime, um barulho de "explosão" foi ouvido por moradores de várias ruas nas proximidades. A van estava vazia. 

Para pegar ônibus no bairro, é preciso perseverar. "Quando o transporte tava normal, passava ônibus direto. Era coisa de 10 minutos de espera", conta um morador que pediu para não ser identificado. "Eu to aqui há mais de uma hora esperando o Siqueira/Aracapé (linha 325), que sempre passa rápido", diz. 

Na última terça-feira, 8, criminosos tentaram incendiar o ecoponto do bairro. Uma testemunha contou à reportagem que um vigia estava dentro do local no momento em que duas pessoas jogaram artefato incendiário. O homem teria "saído correndo" quando percebeu a ocorrência. A ação criminosa se deu durante a madrugada. 
 
O comerciante Nonato Sousa, 52, diz que os ônibus só voltaram a circular no bairro nessa quinta-feira, 10. Ainda assim, com menos frequência. "Claro que o clima aqui é tenso. A gente tá em uma situação de terrorismo, em plano exercício do terror. O Aracapé é um bairro perigoso. Dá muita morte e muito assalto. Mas já teve pior", pondera. 
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O POVO Online apurou que não houve ordem de facções criminosas para fechar as portas do comércio entre as últimas segunda, 7, e terça-feira, 8, diferentemente de outros bairros da Grande Fortaleza. Mesmo assim, a movimentação de moradores foi pouca. A reportagem presenciou ainda um ônibus da linha 375 - Parangaba Aracapé II circulando com menos de meia dúzia de passageiros e uma abordagem policial a uma dupla de jovens, na manhã dessa sexta, 11.

Já no bairro São Bento, onde um ônibus foi incendiado nessa quinta-feira, a oferta de ônibus estava normalizada nesta manhã. O movimento nas paradas de ônibus, no entanto, era quase nenhum.

A auxiliar de professora Brena Sousa, 25, conta que não teve dificuldade de pegar transporte coletivo durante a semana. "Só não passa ônibus à noite. A gente sai de casa e fica apreensivo, né? É tenso, mas o que a gente pode fazer?", questiona a moradora do bairro. "A vida tem que seguir".
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Nessa quinta-feira, a Etufor e o Sindiônibus definiram um novo modelo de operação do sistema de transporte coletivo para o turno da noite. A oferta será reduzida às 20 horas, com todos os veículos com policiais embarcados e levando para os terminais. Após as 21 horas, a frota será de 161 ônibus circulando na Capital, em regime semelhante ao do Corujão.

Quem depende do transporte alternativo também precisa ficar ligado aos horários. Gerente de tráfego da Cooperativa dos Transportadores Autônomos de Passageiros do Estado do Ceará (Cootraps), Eliane Silva confirmou ao O POVO Online que as vans continuarão a ser recolhidas às 20 horas. 

"Durante o dia a frota de mais de 200 veículos circula normalmente, mas algumas linhas sofrem pequenas alterações nas rotas que trafegam em locais considerados críticos, como a rota que passa na Vila do Mar", afirmou. A Cootraps conta com 200 veículos circulando em Fortaleza.

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