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Justiça manda soltar seis inspetores investigados por suposta participação em organização criminosa

Em audiência, ocorrida na tarde desta quinta-feira, 8, juiz federal decide pela soltura dos inspetores envolvidos na Operação Vereda. Os policiais são investigados por extorsão, roubo, receptação, tortura, organização criminosa, embaraço à investigação de organização criminosa, tráfico de drogas, abuso de autoridade, usurpação da função pública, favorecimento pessoal e violação de domicílio
18:10 | Nov. 08, 2018
Autor Larissa Carvalho
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Tipo Notícia
O juiz federal Danilo Dias Vasconcelos de Almeida, da 32ª vara da Justiça Federal no Ceará (JFCE), decidiu pela soltura de seis inspetores investigados na Operação Vereda. A decisão foi tomada em audiência na tarde desta quinta-feira, 8. A primeira fase da operação foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) em dezembro de 2017 e a segunda, em julho deste ano. A operação investiga a existência de organizações criminosas formadas por policiais civis na Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD). Os integrantes do grupo são suspeitos de extorsão, roubo, receptação, tortura, organização criminosa, embaraço à investigação de organização criminosa, tráfico de drogas, abuso de autoridade, usurpação da função pública, favorecimento pessoal e violação de domicílio.
 
De acordo com termo de audiência a qual O POVO Online teve acesso, as prisões preventivas dos inspetores foram convertidas em afastamento das funções públicas. Foram favorecidos os inspetores Antônio Chaves Pinto Júnior, Antônio Henrique Gomes de Araújo, Fábio Oliveira Benevides, Francisco Alex de Souza, José Audizio Soares Júnior e Rafael de Oliveira Domingues. Foi oficiada também a Secretaria de Justiça (Sejus) para retirada da tornozeleira eletrônica de Fábio Oliveira Benevides.
 
Durante a audiência desta quinta, 8, foram interrogados os inspetores Allan Wagner de Oliveira e João Filipe de Araújo Sampaio. Segundo advogado de defesa dos dois, Kaio Galvão de Castro, em depoimento, “eles negaram todas as acusações e para isso, foram apresentadas diversas provas”.
 
Segundo o advogado de defesa de Rafael Oliveira Domingues, Bruno Queiroz, fatos apontados pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) não tiveram comprovação durante a instrução. “Muito do que foi falado sobre extorsão e tortura, praticada pelos policiais, ficou comprovado que não aconteceu. Isso foi fragilizando a acusação, o que foi percebido pelo juiz. Ao final, o juiz entendeu que a prisão não é mais necessária para acautelar os interesses do processo”.
 
O advogado Bruno Queiroz ainda comenta a evidência de organização criminosa formada por policiais civis para prática de crimes de extorsão e tortura. “Como não foi firmada convicção sobre isso, não é necessária mais a prisão, porque o afastamento das funções nesse momento seria o suficiente”. Esse também foi o entendimento do MPCE.
 
O último dia de audiência será nesta sexta-feira, 9, para término de interrogatório dos réus - a delegada Patrícia Bezerra de Souza Dias Branco e o inspetor Petrônio Gerônimo dos Santos. "A Operação intitulada pela Polícia Federal 'Vereda', de 'Vereda' não teve nada. Revelou-se num caminho tortuoso a um fiasco. Ofendeu reputações, rasgou biografias e maculou irresponsavelmente a imagem da Polícia Civil cearense", critica o advogado da delegada Patrícia Bezerra, Leandro Vasques. Ele espera que "em breve, o Judiciário Federal decrete a absolvição dos denunciados e que se ressuscite e devolva a dignidade dos envolvidos".
 
Relembre a operação
 
A Operação Vereda foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) com duas fases. A primeira, em dezembro de 2017, e a segunda, em julho deste ano. O intuito era investigar organizações criminosas formadas por policiais civis na Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD).
 
Na medida de suas participações, os policiais foram indiciados e denunciados, por extorsão, roubo, receptação, tortura, organização criminosa, embaraço à investigação de organização criminosa, tráfico de drogas, abuso de autoridade, usurpação da função pública, favorecimento pessoal e violação de domicílio.
 
A operação recebeu o nome de Vereda devido ao “livre arbítrio que levou os integrantes da quadrilha, à sombra da condição policial, para a prática delitiva de crimes diversos”.

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