Assassino de Flávia estava desempregado e era sustentado pela cabeleireira

O companheiro da travesti Flávia, encontrada morta no último domingo, 18, no bairro Planalto Ayrton Senna, assumiu o crime ao ser preso nessa segunda-feira, 19. Desempregado, Francisco das Chagas Rodrigues de Souza, 29, estava morando na residência de Flávia e era sustentado pela companheira.

Francisco das Chagas mantinha relacionamento com a travesti de 35 anos há pelo menos seis meses. Após matar a cabeleireira por volta das 23 horas da última quinta-feira, 15, ele tomou o cartão bancário da vítima para comprar bebida, segundo confessou. No domingo, também sacou a quantidade de R$ 500. Ele desferiu cerca de 11 facadas. Na ação, cabo da faca quebrou e a lâmina chegou a entortar.

De acordo com o delegado Breno Fontenele, titular da 8ª delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o crime foi motivado por ciúme e configura feminicídio. Antes do crime, Flávia descobriu, por meio de conversas no WhatsApp, que o companheira estava a traindo com outra mulher.

[SAIBAMAIS]Conforme Francisco em depoimento para a Polícia, Flávia encontrou o companheiro no bar após descobrir a traição e foram discutindo até a residência. Ele alegou que, em casa, Flávia o empurrou e que ela teria se apossado da faca para agredí-lo. Ele afirmou ainda que conseguiu tomar a faca. "Ele alega que ingeriu muita bebida alcoóolica e havia usado cocaína. A vítima não tinha esses vícios", diz o delegado. 

 

O homem se apresentou ao 8º Distrito Policial após equipe da DHPP começar as buscas pelo suspeito. "Ele se sentiu acuado. Nós entendemos que a apresentação dele não configurava apresentação espontânea, tendo em vista que ele confessou e relatou no interrogatório que só se apresentou após ter tomado conhecimento que era o principal suspeito do homicídio", continua o delegado Breno Fontenele.

O acusado ainda contou à Polícia que estava se preparando para ir embora para o município de Tamboril, distante 294,8 km de Fortaleza.

Para o delegado, o modo cruel como o homem operou "demonstra um indivíduo totalmente sem compaixão com a vítima". "Flávia sustentava ele. Apesar de matá-la, parece que foi comemorar o assassinato. Permaneceu o fim de semana bebendo às custas da vítima", afirma. As chaves da residência e o cartão bancário de Flávia foram encontrados pela Polícia nessa segunda-feira na casa de uma testemunha com quem Francisco bebeu após praticar o crime.

"Uma das testemunhas contou que não acreditava que ele tinha matado a Flávia porque ela era uma pessoa muito boa. Era querida no bairro. Tinha um salão, trabalhava, ajudava muita gente", continua o delegado. 

Durante o interrogatório, Francisco das Chagas Rodrigues de Souza contou que já havia sido preso no Rio de Janeiro, em 2015, por roubo. O processo ainda será checado junto ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Francisco das Chagas foi autuado por homicídio qualificado.