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Mulheres de presos denunciam falta de comida há quatro dias na CPPL7

Denúncia de maus-tratos foi feita por dois presos que receberam alvará de soltura, nessa quarta-feira, 12. Familiares não têm notícia da situação dos internos após rebelião de segunda-feira
11:50 | Out. 18, 2018
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Tipo Notícia
Atualizada às 13h40min 
 
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Presos da Unidade Prisional Professor José Sobreira de Amorim, conhecida como CPPL 7, estão em situação de maus-tratos, segundo relato de familiares dos dententos, que se reuniram hoje em protesto na Secretaria de Justiça do Estado (Sejus). De acordo com as mulheres, maioria absoluta presente na manifestação, falta comida, produtos de limpeza, higiene e uso pessoal. Além disso, celas com capacidade para 17 pessoas, há cerca de 100 internos, muitos deles com ferimentos. Um dos principais motivos da rebelião foi, justamente, os maus tratos recebidos pelos privados de liberdade. Os familiares relatam que a principal causa é o coordenador da Unidade, Marcos Aurélio Medeiros, que tem a saída do cargo solicitada.
 
 
Segundo as mulheres, as famílias estão sem notícias dos presos desde a rebelião. Na manhã desta quinta-feira, 18, secretária da justiça do Estado, Socorro França, recebeu as mulheres que estavam protestando no local. 
 
Cerca de 150 mulheres se reuniram, em auditório fechado, com a secretária da Justiça do Estado, para pedir respostas após denúncias de maus-tratos dentro da CPPL 7, inaugurada em novembro de 2017. A revelação da situação precária dos detentos veio à tona após internos receberem alvará de soltura nesta quarta-feira, 18.
 
Na saída da reunião, familiares relataram ao O POVO Online que Socorro França confirmou que mais de 900 presos estão na área de isolamento e no espaço reservado para dependentes químicos. Além disso, segundo as mulheres, a secretária confirmou que os detentos dormem em pé devido à superlotação, além de muitos deles estarem feridos. Outra esposa relatou que, segundo Socorro, médicos estão atendendo os feridos.
 
Para tentar minimizar a superlotação, segundo elas, a área chamada Rua A será liberada hoje à tarde. As outras devem ser liberadas ao longo da semana, assim que a energia elétrica retornar. Há cinco ruas na CPPL 7.
 
Sobre a substituição do coordenador do presídio, as mulheres afirmam que a secretária da Justiça pediu tempo para analisar. "Não vão tirar não, faz tempo que ele maltrata, faz tempo que pedimos, essa rebelião já foi para denunciar os maus-tratos", denunciou uma das esposas.
 
Na reunião, Socorro França afirmou que faltou refeição na unidade apenas na terça-feira, 16, mas desde então a situação está regularizada.  

Outra mulher denunciou que aparelhos de TV e ventiladores, comprados pelas famílias, foram quebrados pelos agentes penitenciários nos últimos dias. 

Humilhações
Presos são distribuídos nas cadeias do Ceará de acordo com a facção a que pertencem. Outro relato é de que os agentes penitenciários obrigam presos a falar nomes de outras facções e se beijar. Os familiares relatam que vídeos são gravados pelos próprios agentes.
 
A Secretaria da Justiça do Estado (Sejus) ainda não se pronunciou oficialmente sobre os encaminhamentos da reunião.  

Redação O POVO Online

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