Participamos do

Polícia sozinha não resolve, diz André Costa sobre moradores expulsos por facção

Secretário reconhece que investimento em polícia não deve resolver problemas da violência no Estado. Para ele, não há áreas dominadas por facções criminosas em Fortaleza
16:01 | Ago. 07, 2018
Autor Rubens Rodrigues
Foto do autor
Rubens Rodrigues Repórter do OPOVO
Ver perfil do autor
Tipo Notícia
[FOTO1]
André Costa, titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Estado, falou sobre o combate ao crime em comunidades com forte presença de facções. De acordo com ele, não existe área dominada pelo crime em Fortaleza, mas "pequenos territórios disputados por facções".

"Nós investimos, mas sabemos que o desafio da violência não vai acabar do dia para a noite. Não existe fórmula mágica", disse em entrevista ao O POVO Online. "Reconhecemos esses desafios que não são fáceis e não vão se resolver apenas pela polícia, se não já teria resolvido".

[SAIBAMAIS]Para o titular da Segurança, o problema das facções passa pela Polícia Civil, pelo Ministério Público e Poder Judiciário. Ele diz que "para quebrar o sentimento de impunidade" da população, é preciso apostar também em ações de prevenção social a médio e curto prazo, a exemplo da implantação de escolas integral no Ceará.

Ele destaca que apesar de o investimento na polícia não sanar todos os problemas, a violência é contida na medida do possível. Nessa segunda-feira, 6, um homem foi preso suspeito de expulsar recém-casados de apartamento no bairro Bom Jardim. 

Glairton Pires Barbosa Filho, de 23 anos, responde na Justiça por roubo, receptação e posse ilegal de arma de fogo. Ele disse aos policiais que estava fora da cadeia há uma semana. "A polícia investigou, conseguiu prender e ele confessou essa e outras expulsões", diz o secretário. "Não vamos fazer falsa promessa, mas vamos continuar avançando mês a mês. Nada do que a bandidagem faz vai intimidar a polícia. 

A SSPDS coordena ocupações em 16 bases policiais nas comunidades como Jardim Castelão II (Babilônia), Novo Perimetral (Gereba), Lagamar, no Sossego (Quintino Cunha), no entorno da Lagoa do Urubu (Álvaro Weyne, Floresta e Padre Andrade) e no Alto da Balança. 

"Nós nos reunimos com a Defensoria Pública, o MPCE, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor), e a Secretaria de Cidades, inclusive com a presença da vice-governadora (Izolda Cela). Traçamos algumas estratégias e colocamos em ação", diz, a exemplo da implantação das bases policiais.

"Hoje a polícia está nessas áreas 24 horas porque a inteligência diz que é importante a presença lá, independentemente do acionamento via 190 e redução de crimes", continua. "Mas não estamos satisfeitos. Os desafios são muitos ainda".

De acordo com a Defensoria Pública do Ceará, entre novembro de 2017 e julho de 2018, 131 famílias tiveram que deixar suas casas de forma violenta na Capital. Impactando aproximadamente 524 pessoas. 

André Costa não avalia o número como "oficial", mas reconhece que os casos de expulsões por facções criminosas são recorrentes e que "caíram muito". No entanto, o levantamento do Núcleo de Habitação e Moradia (Nuham) aponta que esse número praticamente dobrou nos últimos quatro meses. Em abril deste ano, 66 famílias tinham sido expulsas de casa desde novembro. Hoje já são 131 famílias.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente