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Pioneira, Simone de Souza formou gerações de historiadores cearenses

A pesquisadora morreu na madrugada desta sexta-feira, 10, aos 79 anos, em Fortaleza
15:24 | Ago. 10, 2018
Autor O POVO
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Tipo Notícia
É fundamental a importância de Simone de Souza para a historiografia do Ceará. Responsável pelos primeiros livros de História do Estado, foi atuante pela departamentalização do curso na Universidade Federal do Ceará e formou gerações de historiadores. Ela morreu na madrugada desta sexta-feira, 10, aos 79 anos, em Fortaleza.

Simone estava internada há duas semanas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional Unimed Fortaleza. Simone deu entrada com quadro de infecção urinária e pneumonia. No hospital, bateria de exames revelou também uma infecção no coração, segundo o sobrinho Marcus César de Souza. 

Nascida em Fortaleza, a historiadora será cremada ainda na tarde desta sexta-feira, 10, no cemitério Parque da Saudade. Não haverá velório a pedida da própria Simone.

"A professora Simone foi uma pioneira. Quando ninguém estava dando muita atenção a isso no Brasil, ela se propôs a fazer um livro de História do Ceará. Foi pioneira nesa área de desenvolver uma geografia local", afirma a editora executiva das Edições Demócrito Rocha, Regina Ribeiro. "Além disso, formou gerações de professores de história no Ceará".
 
"Ela era uma mulher muito forte, decidida. Era bem humorada, apesar da firmeza. Conheci a professora quando estava na redação (do jornal), era uma pessoa muito humana", lembra a jornalista, emocionada. "Ela falava muito da situação do Brasil. Tinha essa preocupação com o rumo das coisas e uma risada inconfundível. Acredito que ela era muito mais presente do que a gente imaginava porque ela era uma mulher muito forte". 
 
O historiador Sebastião Ponte, com quem ela trabalhou na Universidade Federal do Ceará (UFC), lembra que Simone "lutou muito pela departamentalização do curso de História da UFC". Com ele, Simone escreveu os livros "Construindo o Ceará - História" e "Fortaleza a Criança e a Cidade", ambos pelas edições Demócrito Rocha.

Uma das principais referências em História de Ceará atualmente, Airton de Farias destaca que o curso era "quase um filho" para a professora, com grande atuação na estruturação do departamento. 

"Devemos muito a ela e várias outras pessoas que contribuíram. Simone ficou famosíssima com o livro História do Ceará, no final dos anos 1980, que trouxe uma nova perspectiva de historiografia. É uma obra que ainda tenho como referência", diz Airton. 

"Comigo, sempre foi muito gentil apesar de algumas divergências acadêmicas. Uma mulher sincera, sempre disposta a contribuir com os estudantes. É uma grande perda para a historiografia e intelectualidade cearense", completa o historiador. Airton dedicou a edição mais recente do seu livro, "História do Ceará", a ela. 
 
Ex-secretário da Cultura de Fortaleza, o professor Evaldo Lima explica que Simone deu "impulso no universo da história regional a partir da publicação do livro "Uma Nova História do Ceará", organizado por ela e pela professora Adelaide Gonçalves. 

"Foi a partir dali que as escolas e universidades despertaram para a história local. A professora possuía uma erudição extraordinária, tão fascinante quanto sua personalidade. Era exigente, polêmica na pesquisa historiográfica", pondera. "É uma perda irreparável para a nossa memória". 

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