"Quem foi embora foram as frutas podres do saco", dizem caminhoneiros que permanecem em greve
Motoristas reagiram ao abandono de outros colegas de profissão, que até então integravam o movimentoNo nono dia de greve dos caminhoneiros, mais de 300 trabalhadores do setor estiveram concentrados na BR-116, em frente a Fábrica Fortaleza, no Eusébio, na tarde desta terça-feira, 29, para dar seguimento á movimentação que reivindica menor preço do óleo diesel. Motoristas reagiram ao abandono de outros colegas de profissão, que até então integravam o movimento.
"A greve não enfraqueceu, porque quem foi embora foram as frutas podres do saco", afirmou o caminhoeiro autônomo há 30 anos, Paulo Augusto, em entrevista ao O POVO Online. Os abandonos, entretanto, não fazem os remanecentes pensarem em desistência. "Com eles ou sem eles a gente vai continuar aqui", disse Augusto.
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Mesmo entendimento tem Marcos André, também caminhoneiro autônomo e na estrada há 39 anos. Ele diz que, em todos os meios, há os fortes e os fracos e que, infelizmente, não se pode segurar aqueles que não querem permanecer. "Estamos aqui pelo movimento pacífico. Ninguém está aqui para agarrar e brigar com ninguém", esclarece André.
Em contato com a reportagem, agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que não quis se identificar, informou que a fase de abertura na qual se encontra a greve é oriunda de acordo entre a PRF e lideranças do movimento, que estão instaladas na BR-116. Segundo o agente, as lideranças concordaram, nesta quarta-feira, 29, em liberar em todos os trechos do Brasil caminhões que não querem se manter em greve e os que passam pelos locais de bloqueio.
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O caminhoneiro Jozivan dos Santos rebate o informante da PRF. Disse que este acordo se deu apenas em alguns trechos de rodovias federais no País, mas que, nos demais pontos, o ritmo segue o mesmo. "Não é bem como está sendo dito, não. Vitória da Conquista, na Bahia, Feira de Santana e Jaboatão dos Guararapes (município de Pernambuco) não está passando nada".
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Santos disse ainda que os "verdadeiros guerreiros não fogem da luta, não, vão até o fim". Ele entende que a manifestação tem fôlego para continuar pelo tempo que se entender necessário. "Um mês, se precisar". Conforme Santos, a redução de R$ 0,46 no preço do óleo diesel, anunciada por Michel Temer no último domingo, 27, de nada serve. "Porque em dois meses subiu mais de R$ 1. Como agora vai resolver?".
A reportagem também visitou a CE-040, no Quarto Anel Viário. Não foram detectados pontos de bloqueio. Uma viatura da Polícia Militar, no acostamento, confirmou a ausência destes pontos.
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