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Mulheres ciclistas iniciam movimento após agressão de atleta na CE-040

Atleta foi chutada ribanceira abaixo na rodovia cearense durante um treino
16:16 | Mai. 22, 2018
Autor Jéssika Sisnando
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Jéssika Sisnando Repórter
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Tipo Notícia

[FOTO1]Um grupo de ciclistas urbanas, triatletas e mountain bike feminino se uniu pedindo segurança da ciclista mulher durante os treinos nas rodovias e ciclovias do Ceará. Pelo menos 80 mulheres estão mobilizadas depois que uma ciclista foi agredida na CE-040, durante treino. O caso aconteceu no domingo, 20. 

A médica e porta-voz do grupo de atletas, Gisele Rufino Oliveira, de 45 anos, diz que as agressões são físicas e sexuais, seja quando os motoristas partem para cima das ciclistas com os veículos ou quando são abordadas com dizeres de cunho sexual. "Somos desrespeitadas e estamos sujeitas à agressão física,  abuso sexual e ação de assaltantes. Domingo, 20, uma amiga nossa sofreu agressão, estava pedalando na CE-040 durante um treino, a bike dela foi chutada e jogada ribanceira a baixo", relata.

De acordo com a médica, a ciclista tinha 100 quilômetros para fazer e estava na frente. "Foi tão rápido que ela disse que só se viu sendo jogada pela ribanceira e quando ela foi se levantar e viu que um carro tinha dado ré e começou a “xingar” um homem. O motorista deu ré e falou que presenciou que um ciclista chutou a bike dela. Parece que ele saiu do mato e chutou. Não se sabe se foi tentativa de assalto e viu o carro chegando, mas o fato é que ele nem levou o celular e nem a bicicleta dela", afirma.

Ela explica que as ciclistas sofrem tentativas de abuso sexual e de assalto, mas muitas vezes não denunciam por medo de se expor. "Várias já sofreram esse tipo de agressão. Às vezes a gente está pedalando e é abordada de forma inapropriada pelas pessoas que estão ali. Ali na CE, sentido Pindoretama, Cascavel", relata.

Conforme Gisele, a ciclista não precisou se internar ou apresentou fratura, mas está toda machucada, com hematomas, toda arranhada, inchada. "Ela tem dois filhos para cuidar e não é só isso, o fato de a gente estar exposto a esse tipo de coisa. A gente quer pressionar as autoridades a tomarem uma posição em relação a isso", disse. Entre os locais citados pela médica, está a Sabiaguaba, onde, conforme Gisele, caminhões e carros não respeitam ciclistas.

"Mesmo na faixa do acostamento vêm pra cima da gente. A gente quer respeito e segurança para o nosso treino", relata.

Vítima fala sobre agressão e falta de qualidade de vida em Fortaleza

A administradora Rochelle Correia Peregrino, de 42 anos, faz triathlon há mais de um ano e busca uma performance e qualidade de vida para participar do Ironman Maceió e Fortaleza. No entanto, ela relata que um dos maiores impedimentos é a violência.

A atleta lamenta que o rosto esteja machucado e relata que foi vítima de um assalto em janeiro deste ano. O crime aconteceu quando estava com a filha de sete anos. "Ela está fazendo tratamento psicológico depois do que houve", disse.  

De acordo com a vítima da agressão, o grupo estava voltando de Pindoretama, sentido Fortaleza. "Faltava uns 7 quilômetros para chegar no posto da Polícia rodoviária", disse.

Conforme a vítima, o boletim de ocorrência ainda não foi registrado. "Não fiz o B.O. porque ainda estou com dores, mas amanhã (23) estarei realizando", disse.  

 

"A bike foi para um lado, capacete para o outro, celular para o outro. Avistei a sacola com o celular e comecei a tentar contato. Vi o rapaz da bicicleta seguindo e um carro dando ré. O cara do carro desceu e falou: que vagabundo, porque ele te chutou desse jeito? Ele queria te roubar?", disse. 

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"No momento, o pessoal da assessoria chegou e me levou para onde estava meu carro, no Eusébio, e em seguida fui encaminhada a um hospital particular, onde fui atendida e fiz uma bateria de exames", acrescenta. 

 

Conforme Rochelle, esse não é o primeiro caso que envolve um cilista que aborda mulheres. "Um dos ciclistas disse que isso aconteceu (uma vez) com uma mulher que estava pedalando sozinha e (outra vez) com uma amiga, no mesmo ponto. A bike dele é normal, uma bike super simples, que perguntaram até como ele conseguiu chegar na minha velocidade", disse. 

 

Para a administradora, não ficou claro se a intenção era assalto ou estupro. Ela disse que chegou até a suspeitar do rapaz que parou o automóvel, pois poderia ser um comparsa para colocar a bike dentro do veículo. Rochele informou que a bicicleta dela custa em média R$ 17 mil. 


SSPDS 

 

Por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social informou que o  Batalhão de Policiamento Rodoviário Estadual (BPRE) realiza o patrulhamento em todas as rodovias, durante todos os turnos. 

 

Ainda existe o Grupo Tático Rodoviário (GTR), em dias, locais e horários estratégicos, que registram grande número de atletas em atividades portivas nas CEs. 

 

Conforme a SSPDS, não há registro da ocorrência da ciclista registrada na Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) ou Boletim de Ocorrência (B.O.).

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