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Janeiro foi o mês mais violento dos últimos cinco anos no Ceará

Em relação a 2013, o crescimento foi de 28%, quando janeiro registrou 365 mortes violentas, média de 12 assassinatos por dia
15:23 | Fev. 02, 2018
Autor Ítalo Cosme
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Ítalo Cosme Repórter
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Tipo Notícia

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469 mortes violentas foram registradas no primeiro mês de 2018. O número, que ainda não está consolidado, é o maior para o mês de janeiro desde 2013, quando a Secretária da Segurança Pública e Defesa Pessoal (SSPDS) passou a divulgar os índices. A média foi de 15 mortes por dia. A contagem inclui casos de homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte.

Em relação a 2013, o crescimento foi de 28%, quando janeiro registrou 365 mortes violentas, média de 12 assassinatos por dia. O mês de janeiro deste ano foi marcado por duas chacinas - uma em Fortaleza e outra na cidade de Itapajé - que expuseram os problemas na segurança pública do Estado.


Casos
Só em janeiro foram registrados duas chacinas. A primeira ficou conhecida como a Chacina das Cajazeiras, que deixou 14 mortos — a maior já registrada no Estado. Segundo informações repassadas por policiais militares, a série de homicídios teria sido motivada por disputa entre duas facções criminosas.

A segunda deixou 10 presos mortos dentro da cadeia pública de Itapajé, no interior do Estado, a 124,2 km de Fortaleza. As informações preliminares apontavam que detentos de facções rivais entraram em confronto.

Outro dado alarmante é a taxa de homicídio de mulheres no Estado: o número de 43 mulheres mortas até o dia 29 de janeiro representa um crescimento de 330% em relação a janeiro de 2017. Do total dos casos, mais da metade ocorreu em Fortaleza, o que corresponde a 23 ocorrências. De acordo com as informações da SSPDS, 37 mulheres foram mortas por arma de fogo. 
[SAIBAMAIS]

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Pressão
Depois dos inúmeros casos e alto índice de criminalidade, o governador do Estado, Camilo Santana (PT), foi pressionado pelas autoridades, especialistas e pela própria população a prestar esclarecimentos e apresentar propostas efetivas para a segurança do Ceará.

Após reunião com Camilo, Temer autorizou força-tarefa imediata da Polícia Federal no Ceará. A PF deve trabalhar prioritariamente com a área de inteligência em um Centro especializado. No entanto, apesar do anúncio e das garantias presidenciais, não há definição de data para implementação do Centro. Além disso, o Governador lançou 40 novas escolas em tempo integral para combater o crime.

Especialista
Se na década de 90 o Ceará foi referência para o País na área de segurança pública após reforma no modelo utilizado, hoje o Estado precisa se reinventar e propor uma solução para a crise pela qual o sistema passa. Para Leonardo Sá, professor e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), “o Estado precisa mudar esse modelo de guerra, que não é um modelo de segurança pública”.

Segundo Sá, “a facção ganha com esse modelo de guerra, pois são eles quem estão acostumados com esse sistema; e, quando se sentem acuados pela Polícia, passam a  recorrer à violência extrema. Por isso, a polícia deve deixar de ser um componente da guerra para ser agente de cidadania e de pacificação. Mas essa decisão não é da Policia, é do Governo”, afirma.

Para Leonardo Sá, a população tem papel importante na construção de um novo modelo de segurança pública. Porém, ele questiona “como as pessoas que estão em áreas de medo vão participar?”. De acordo com o pesquisador, “é preciso retomar uma relação escola-comunidade-sociedade. A escola tem um poder de transformação; ela precisa está integrada à sociedade. Por isso, é preciso propor uma democratização dos espaços públicos culturais e educacionais para mostrar à população das periferias que ela não está abandonada, como está ocorrendo no momento”, finaliza.

 

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