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Família mora há dois meses em casa sem paredes

Há dois meses morando num casa sem as paredes, em um dos endereços mais valorizados de Fortaleza, família convive todos os dias com a insegurança e, sobretudo, com a falta de privacidade
16:05 | Out. 23, 2017
Autor Angélica Feitosa
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Tipo Notícia
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Os restos de um sobrado que, antes, era escritório de um estacionamento, fazem as vezes de moradia para o pedreiro Regino Serafim da Silva, 40, mulher, filhos e nora. Faltam paredes, alicerces, privacidade e segurança. Abertos para a avenida Antônio Sales, os cômodos que ficaram no número 817 abrigam a família há dois meses.
 
“A gente veio pra cá porque me chamaram para erguer um prédio aqui e eu moro muito longe, no Maracanaú”, justifica o pedreiro, dizendo que as passagens são muito caras (R$ 3,20). É menos custoso de tempo e dinheiro morar direto no emprego. O prédio está sendo erguido no terreno da casa. De boné para proteger do sol, Regino conta que o trabalho não tem prazo para finalizar e é de um prédio comercial. Sabe é que, por enquanto, é nessa casa que a família cozinha, come, dorme, toma banho passa o dia. 

“Se a gente sair daqui, tem perigo de o ‘dono’ vir e pegar o que é nosso”, rir-se Carlos Mendes, 22, servente de pedreiro na obra e filho de Regino. O jovem já teve o celular roubado na casa. O imóvel, precisa, então, passar todo o dia ocupado. As roupas são guardadas em caixas. Entre os poucos móveis, fica uma bola. “No fim de semana, a gente divide quem vai na praia jogar”, avisa.
 
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Regino conta que a mulher, a empregada doméstica Ivonete, 45, não achou ruim a localização privilegiada na Cidade. Ela trabalha na rua quase de frente à casa e, agora, vai a pé, todos os dias, para o serviço. Os filhos, a nora, e um irmão que trabalha com Regino dormem na parte de cima do sobrado. O cômodo de baixo é reservado para o pedreiro e a esposa. 
 
O apelido da moradia como Casa de Vidro, do Big Brother Brasil, não foi em vão. João Victor Duarte, 16, irmão de Carlos, conta que, antes de morarem lá, o escritório era protegido por uma parede de vidro e, o terreno, com grades. Agora, já roubaram os vidros e a casa fica aberta para a avenida. “Aqui a gente dorme com um olho aberto e, outro fechado. Tem que ser assim”, diz. Um carrinho feito da sucata de uma geladeira, desses usados por catadores de lixo, fica no “quintal” da casa, com a inscrição 'Jesus é Fiel Porque é Amor'.
 

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