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Soledad: múltiplas linguagens artísticas em um só palco

Cearense é mais uma entrevistada da série Safra 2017 - Música CE, do O POVO Online, que traz histórias de bandas e artistas locais que estão realizando shows de lançamento de disco no mês de janeiro
10:00 | Jan. 28, 2017
Autor Lucas Mota
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Lucas Mota Repórter na editoria de Esportes
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Tipo Notícia

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Arte dos pés à cabeça. Soledad é música. É dança. É teatro. A musicalidade própria que transborda é herança de família. Da mãe Maria ganhou não somente traços do rosto, os cachos, mas bebeu da literatura e da boa música. A avó Olga Gordiano, musicista. O avô, Seu Barbosa, seresteiro. O lar foi escola.

 

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Não à toa, Maria Soledad Brandão, 26 anos, abraçou a música com potência e personalidade nos vocais. O palco, a banda e a melodia formam o cenário pelo qual a artista espera se perpetuar. Com sete anos de carreira, ela lança o seu primeiro disco solo, sob a tutela do selo EAEO Records, neste domingo, 29, às 19h, em show no Anfiteatro do Dragão do Mar. O álbum está disponível, de forma gratuita, no Youtube.  

[QUOTE1]Soledad faz parte da geração atual da cena cearense que tem se destacado nos palcos musicais. Há um ano e meio morando em São Paulo, a cantora retorna à cidade natal para dar um passo importante de uma trajetória dedicada à cultura.

A cearense é mais uma entrevistada da série Safra 2017 - Música CE, do O POVO Online, que traz histórias de bandas e artistas locais que estão realizando shows de lançamento de disco no mês de janeiro. Foram entrevistados no especial: Jonnata DollDaniel GrooveLayaVitor Colares e Groovytown.

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Primeira apresentação

Interpretando "Punk da periferia", de Gilberto Gil, Soledad fez sua estreia nos palcos, no antigo Fafi Bar, em 2010. Foi por causa do incentivo do namorado na época, o músico Ivan Timbó, que ela acabou tendo as primeiras experiências na área. "Fiquei muito nervosa, foi foda", lembra.  

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Pouco tempo depois, veio o primeiro show. "Bossa-Jazz era o nome do show. Estava morrendo de frio na barriga no dia do show. Sempre sinto, não como nada, choro, passo mal. Todo show é assim, mesmo depois de sete anos", conta Soledad. "Tipo, pra mim, os momentos mais fáceis de lidar com o mundo são quando estou no palco. É algo transcendental, me sinto mais confortável", completa.

Arte sempre presente 
Antes de se apresentar pela primeira vez como cantora, Soledad teve experiências em outros palcos. A música era encarada apenas como um hobby. "Sempre tive muito amor por música, mas nunca desejei ser cantora na minha vida. Queria ser atriz e professora de história da arte", diz a artista.

A criação de Soledad deu bagagem e proximidade com as artes. "Minha mãe, professora de Literatura, sempre trouxe isso pra gente. Ela sempre colocava que a gente tinha que ler. Tive a sorte de ela ouvir músicas maravilhosas. Minha vó é musicista. Meu avô era tocador de seresta". 

Aos seis anos, ela teve contato direto com o teatro. Por insistência, conseguiu um lugar na peça do dramaturgo e diretor teatral Yuri Yamamoto, fundador do Grupo Bagaceira. "Ele montava uma peça no colégio em que eu estudava. Um dia soube por amigos, que iam participar da peça dele, sobre a apresentação. Cheguei nele (Yuri) e implorei por dias e dias, e ele topou. A partir desse momento, virei a atriz das peças dele".  

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Do primeiro papel, Soledad não parou mais no caminho das artes. A cearense é produtora cultural e tem formação em teatro e dança. No trajeto profissional, cruzou com o grupo Mira Ira, onde aprofundou seus estudos na cultura popular. 

A relação com o teatro musical foi deixando a cearense cada vez mais próxima da música. Após a primeira apresentação como cantora, ela criou o projeto cênico-musical "O Circo dos Beatles", um alavanco para seguir carreira nos vocais.

"Comecei a querer viver disso. Fui me afastando do teatro, cada vez mais fazia trabalho na música, queria me aprofundar. Muita coisa se afirmou quando criei O Circo dos Beatles. Envolvia várias linguagens. Depois desse show, decidi viver disso. Fui montando outros projetos, que deram aparato para eu chegar no meu disco", explica.

[QUOTE2]Álbum solo

O disco 'Soledad' nasceu de um processo de três anos, passando pela experiência no Laboratório de Música do Porto Iracema das Arte, a ida para São Paulo e o financiamento coletivo por meio do Catarse. O primeiro trabalho da cantora privilegia a criação cearense, principalmente através das composições de artistas locais, como Vitor Colares, Daniel Groove, Uirá dos Reis e Bruno Rafael, presentes no álbum de estreia. Quando se aperta o play, ouve-se uma voz que potencializa solidão por arranjos musicais. 

"Acho que é um disco galeroso porque teve muita gente envolvida, mas ao mesmo tempo solitário. O que está ao redor dele tem bastante solidão. Inclusive, quis que o nome do disco fosse o meu nome porque Soledad significa solidão", comenta. "Sempre gostei de ouvir músicas tristes. A solidão, claro que intimamente, é uma questão. Entretanto, eu fui conseguindo transformar isso no meu trabalho, foi algo natural. Música pra mim é expurgação, alivia. As músicas que escolhi para o disco saíram de um processo natural. É um disco sincero", complementa. 

O Porto Iracema foi o primeiro passo. Após cinco meses sob a tutoria do produtor musical Gui Amabis, parceria que se estendeu no novo trabalho, Soledad decidiu partir para a produção do disco. Isso em meados de 2014. Sem apoio financeiro para a criação do álbum, a cantora seguiu rumo a São Paulo, em 2015, onde vive até hoje. Os músicos que formam a banda da cearense - Vitor Colares, Guilherme Mendonça, Bruno Rafael e Felipe Lima -, compraram a ideia do CD e toparam fazer uma produção colaborativa.

Na Capital paulista, recebeu o apoio do selo EAEO, que já trabalhava com alguns artistas cearenses, como o Cidadão Instigado e Jonnata Doll e Os Garotos Solventes. E o disco ganhou forma de vez com o financiamento coletivo por meio do Catarse, que tinha como meta arrecadar R$ 14.690 e chegou aos R$ 16.490. 

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Serviço:

Show de lançamento do disco homônimo de Soledad

Local: Anfiteatro Dragão do Mar

Dia e hora: domingo, 29, às 19h

Acesso gratuito (Retirada de ingressos 2h antes do início do show, na bilheteria do Anfiteatro) 

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