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Professora relata preconceito contra alunos de escola pública em shopping da Capital

Alunos foram ao shopping para sessão de cinema e, após o filme, teriam sido impedidos de circular na área. O empreendimento informou que está em contato com a direção da escola para esclarecer equívocos
12:08 | Out. 28, 2016
Autor Amanda Araújo
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A visita dos alunos da rede pública de Fortaleza ao Shopping Paragaba acabou marcada por constrangimento, na manhã dessa quinta-feira, 27. Um grupo de estudantes da escola municipal José Airton Teixeira, no bairro Manoel Sátiro, sofreu preconceito de seguranças do local, conforme relato de professores.

Ao todo, 122 alunos do 6º ao 9º anos foram ao shopping participar de uma sessão de cinema, agendada para as 10 horas. Os estudantes foram ao local em dois ônibus da Prefeitura. Quando o filme acabou, resolveram passear no shopping, conforme a professora de Português, Anne Shérida Guedes, 28.

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"A sessão de cinema estava agendada desde o mês passado, faz parte de uma parceria do cinema com as escolas. "Fomos bem tratados no cinema, a sala estava reservada. Quando o filme acabou, uma parte dos alunos desceu e foi abordada por seguranças", contou Shérida.

Segundo a professora, os alunos foram impedidos de circular até intervenção dela e da coordenadora. "A gente viu um guarda com o dedo na cara de um menino. Disseram que as pessoas estavam incomodas, e eu falei que eles também eram clientes".

Shérida afirma ainda que alguns alunos contaram ter sido impedidos de tirar 'selfies', e outra aluna teria sido barrada na escada rolante por uma bombeira. "Quando eu fui falar, usou a desculpa de que a aluna ia se machucar. Sendo que era uma menina de 15 anos", narra.

No Facebook, o relato de Anne gerou repercussão, alcançando mais de 19 mil "curtidas" e mais de 13.700 compartilhamentos. "Eles se prepararam para isso, juntaram dinheiro. Foi complicado porque muitos nem entendiam o que estava acontecendo", explicou a professora.

A diretora da escola, Adriana Almeida, disse ao O POVO Online que foi chamada pela gerência do shopping Parangaba para uma reunião, na próxima segunda-feira, 31. "Vamos analisar o que aconteceu e conversar sobre a situação", adiantou.

Em nota, a assessoria de imprensa do shopping informou que ''a administração está em contato com todos os envolvidos para dialogar e esclarecer eventuais equívocos, além de oferecer uma nova visita aos alunos e professores''.

''Após uma análise criteriosa das imagens e apuração junto aos envolvidos, constatamos que os funcionários do shopping agiram no intuito de garantir a integridade física dos alunos. O Parangaba possui uma postura de respeito e tolerância, além de manter parcerias com escolas municipais que permitem a todos o livre acesso ao lazer e à cultura em suas dependências. O Shopping Parangaba se coloca à disposição para demais esclarecimentos no intuito de manter a transparência de seus negócios e o bom relacionamento com os clientes e moradores de Fortaleza", completa.

Constrangimento
Com base no relato, a assessora jurídica do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) do Ceará, Julianne Melo, disse que o caso pode ser trabalhado tanto na esfera cível como criminal. "O ECA veda que os adolescentes sofram constrangimentos. E ainda cabe responsabilização por danos morais, pois ofenderam a subjetividade do adolescentes", disse.

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