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Documentário sobre o Conjunto Palmeiras será exibido no Cineteatro São Luiz

"Palmas" levou nove anos para ser finalizado, como fruto da paixão de uma psicóloga pela arte do cinema
10:51 | Out. 18, 2016
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“Como é que essa história existe e eu não sabia? Alguém precisa contá-la”. Esta foi a reação da psicóloga Edlisa Peixoto ao descobrir a história do Conjunto Palmeiras. O bairro recebeu, há 40 anos, moradores expulsos de seu lugar de origem e que iniciaram um processo de reconstrução da comunidade, de urbanização do espaço e de geração de renda. Por nove anos, Edlisa visitou a comunidade e conheceu seus moradores, entrando na história do local e de cada entrevistado para a criação do documentário “Palmas”, que será exibido nesta quarta-feira, 19, no Cineteatro São Luiz.

Uma das maiores iniciativas que nasceu dentro do Conjunto Palmeiras foi a criação de uma moeda interna, de livre aceitação, e do Banco Palmas, o primeiro banco popular comunitário do Brasil. O objetivo do documentário é contar a história de resistência e inovação na trajetória do Conjunto Palmeiras pela visão dos próprios moradores. Nas 80 horas de imagens gravadas transformadas em aproximadamente um hora de filme, os moradores relembram a implantação da moeda, os benefícios trazidos por ela e a opressão do governo, que considerou o Palmas um crime contra o Estado Brasileiro por “falsificação de moeda”.

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O documentário será exibido como parte da programação  da Semana do Audiovisual Cearense do Cineteatro São Luiz. Com uma história que se passa no Ceará, com diretora cearense e uma equipe majoritariamente local, com exceção de um fotógrado vindo do Rio de Janeiro, “Palmas” é uma produção “genuinamente cearense”, como afirma Edlisa. A diretora levou o documentário para ser exibido em quatro países europeus (Portugal, Bulgária, Eslovênia e Croácia), entretanto, afirma que nunca esteve tão nervosa e ansiosa como antes de mostrar sua produção para o Ceará. “Apresentar o filho em casa é muita responsabilidade”, declara.

Após a exibição, que será aberta ao público e contará com a comunidade em peso para assistir às próprias histórias, haverá um  debate com a diretora, que convidou Joaquim Melo, diretor do Instituto Banco Palmas, os cineastas Glauber Filho, Joe Pimentel e Tibico Brasil, além de entrevistados no filme. Edlisa relata que ao passar pela Europa, conheceu outras iniciativas como a da comunidade. A psicóloga e cineasta declara que se sente “com a missão de sair espalhando que o mundo tem coisas incríveis; pessoas simples promovendo transformações geniais e mudando vidas”.

Nos nove anos de produção, contando pesquisa, gravação e edição, Edlisa relata que um dos maiores desafios foi encontrar uma linguagem que passasse o que ela queria: a sensação de estar tomando um café na casa dos entrevistados, como ela esteve, e a intimidade e confiança que nasceu entre ela e seus personagens. Seu interesse era um filme interessante de ser visto e não um documentário apenas técnico. A psicóloga diz que a função do documentário é mostrar às pessoas o seu próprio tamanho e importância.


“Palmas” (Documentário, 2014, 56min), de Edlisa Peixoto
Sinopse: Em 1973, movido por interesses de especulação imobiliária, a Prefeitura de Fortaleza desapropriou 1.500 famílias de suas casas na zona costeira da Capital. Essas famílias foram transferidas para um local sem a mínima infraestrutura de moradia, a mais de 20km de seu local de origem, e iniciaram um intenso movimento de reivindicações e lutas. Para resolver os problemas socioeconômicos dos moradores, a comunidade criou também a sua própria moeda, chamada de "Palmas", e o primeiro banco popular comunitário do Brasil.
Serviço
Exibição de “Palmas”, dirigido por Edlisa Peixoto
Data: 19 de outubro de 2016 (quarta-feira)
Horário: a partir das 19h30min
Local: Cineteatro São Luiz (Rua Major Facundo, 500, Centro)
Entrada gratuita.
Informações: (85) 3231 9461

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