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Após 141 dias, greve da Uece atrasa ainda mais calendário letivo

Três turmas, dos semestres 2016.1, 2016.2 e 2017.1, poderão ter de passar por adaptações no calendário para cursarem as cadeiras ainda do primeiro semestre. Professores pedem 10,67% de reajuste, além de outras reivindicações
17:35 | Set. 20, 2016
Autor Amanda Araújo
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Tipo Notícia

Atualizada às 14 horas de quarta-feira, 21

A Universidade Estadual do Ceará (Uece) completou 141 dias de greve, nesta terça-feira, 20, sem acordo entre o sindicatos dos professores e Governo do Estado. O funcionamento prejudica ainda mais o calendário letivo, que já estava atrasado devido às últimas paralisações, de outubro de 2013 a janeiro de 2014 e setembro de 2014 a janeiro de 2015.

"Quem entrou no semestre 2016.1 assistiu às aulas durante um mês. Os de 2016.2 fizeram a matrícula e ficaram sem prazo para começarem o semestre. Já abriram edital de 2017.1 sem que o impasse seja resolvido, então já três turmas encalhadas", enumera o professor e presidente do Sindicato da Uece (Sindiuece), Célio Coutinho.

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Além do não cumprimento de acordos negociadas em 2013 com o então governador Cid Gomes (PDT), a categoria cita como motivação para mais esta greve o corte, desde o segundo semestre de 2015, de verbas de custeio - para materiais didáticos e de limpeza.

"A consequência foi que a Uece ficou com uma dívida de R$ 9 milhões no fechamento deste ano. Tivemos uma reunião hoje (terça-feira, 20) com a equipe técnica da Seplag (Secretaria do Planejamento e Gestão do Governo do Estado). O trabalho técnico está praticamente concluído, e o Governo já tem dados para apresentar uma proposta de reposição salarial", afirma Célio.

A categoria abaixou o reajuste revindicado de 12,67% para 10,67%, e pede ainda a nomeação de 81 novos professores aprovados no concurso feito em 2015, a liberação da verba para o campus Itapipoca, o Plano de Cargos e a concessão de dedicação exclusiva, dentre outros benefícios.

Os professores informam que estão enviando ofício solicitando audiência com o Governo e, na próxima semana, farão novas assembleias para discutir a greve que afeta mais de 30 professores e universitários. 

Atrasos 

Com as aulas paralisadas, Stephanie Martins, 19, calcula atraso de dois semestres em seu curso de Ciências Biológicas. "É horrível, e quando as aulas voltam, os professores têm que correr com a disciplina, fazer aulas no sábado. Mesmo assim, não conseguimos ver todo o conteúdo. Teremos recessos quando todos de fora estarão em período de aulas, sem que a gente possa programar viagens, por exemplo", diz.

O  aluno de Medicina Veterinária, Expedito Maia Diógenes, 23, critica a falta de investimentos na infraestrura da Uece. "Somos prejudicados, mas não é só uma birra de professores e universitários. A universidade está sucateada e o governador não faz nada".

Segundo o professor Fábio Perdigão, presidente da Comissão Executiva do Vestibular (CEV), a perspectiva é que o calendário letivo seja reajustado a partir de 2017. "Pela nossa experiência, a forma de normalizar é diminuindo períodos de recesso e férias, com reposição de aulas".

Em nota, a Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag) informou que a Coordenadoria de Gestão de Pessoas apresentou, em reunião na terça com os professores, diversos ''cenários com base nas repercussões financeiras das propostas apresentadas pelas universidades públicas do Estado''.  A Seplag disse que aguarda proposta e informações adicionais solicitadas para continuar com as análises.

"O Governo do Ceará reforça que acompanha o movimento grevista em constante interlocução com representantes dos sindicatos e da comunidade acadêmica, através da Secretaria da Ciência Tecnologia e Educação Superior (Secitece) e da Secretaria do Planejamento (Seplag), com o objetivo principal de solucionar o impasse o mais rápido possível. Várias reuniões já foram realizadas com os representantes da categoria e os secretários da Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Inácio Arruda, e do Planejamento, Hugo Figueiredo, além dos três reitores, Jackson Sampaio (Uece); Fabianno Carvalho (Uva); e da José Patrício Melo (Urca). No último mês, inclusive, a vice-governadora Izolda Cela também se reuniu com representantes da UECE, UVA e URCA para avaliar as reivindicações", completa.  

Aprovados que perderam a matrícula
Candidatos aprovados no vestibular 2016.2 da Uece que tinham perdido período de matrícula, devido à mudança na publicização de datas, tiveram o direito à matrícula garantido por liminar no último dia 30 de agosto. A universidade recorreu e, de acordo com Fábio Perdigão, a decisão judicial não interfere na realização do vestibular 2017.1 ou número de vagas abertas em novo certame.

"O vestibular passado não tem a ver com o novo processo seletivo, se a Justiça mandar abrir novas vagas, nós vamos abrir. A Uece está em greve, mas o vestibular deve seguir o calendário da sociedade, quando os colégios terminam o ano", frisa.

No vestibular 2016.2, a Uece ofertou 1.821 vagas, mas 868 candidatos classificados não fizeram a matrícula. Por causa dos alunos que perderam a matrícula alegando falha na divulgação das datas, a Uece chegou a anunciar um novo edital com as vagas remanescentes dos classificáveis. A chamada foi cancelada depois da liminar, e, na época, a Uece disse que o impasse não comprometeria o início das aulas, justamente porque a universidade está em greve. 

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