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Ruas no São Cristóvão passam a homenagear vítimas da Chacina da Grande Messejana

"Não agradeço, isso não trará meu filho de volta, mas fico feliz com a resposta que está sendo dada ao Estado, porque direta ou indiretamente, o Estado foi culpado pelo que aconteceu com o meu filho"
16:00 | Ago. 24, 2016
Autor Bruna Damasceno
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Bruna Damasceno Repórter no OPOVO
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Tipo Notícia

As antigas ruas 103 e Paisagísticas - localizadas no Conjunto São Cristóvão no Grande Jangurussu - passaram a ser oficialmente chamadas de Jardel Lima dos Santos e Álef Souza. Uma forma de homenagear duas das 11 vítimas da Chacina da Grande Messejana, ocorrida em novembro de 2015.

Álef era estudante e fazia aulas de skate no Cuca Jangurussu. Jardel era estudante do 1º ano do Ensino Médio e praticava futsal no mesmo Cuca. Ambos tinham 17 anos. Foram assassinados na calçada da casa de parentes, enquanto conversavam.

Além de Álef e Jardel, foram mortos sumariamente Antônio Alisson, 17, Marcelo Mendes 17, Patrício 16, Jandson Sousa 19, Francisco Elenildo 41, Valmir Ferreira 37, Pedro do Nascimento 18, Marcelo Pereira 17 e Renayson da Silva 17.

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Os decretos nº 759/16 e nº 760/16 publicados no Diário Oficial do Município de Fortaleza no último dia 17, que renomeiam os logradouros, foram propostos pelo vereador João Alfredo (PSOL).  

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A cuidadora de idosos Edna Carla Souza Cavalcante, mãe do jovem Álef, descreveu em entrevista ao O POVO Online o sentimento em relação à homenagem: “Não agradeço, isso não trará meu filho de volta, não sei a colocação certa a fazer. É difícil. Ninguém aguenta a morte de um filho, mas fico feliz com a resposta que está sendo dada ao Estado, porque direta ou indiretamente o Estado foi culpado pelo que aconteceu com o meu filho. A homenagem é valida por isso, porque todos nós sabemos que bandido não tem nome de rua. É uma maneira de mostrar que meu filho, assim como o Jardel e outros eram inocentes.”

A mãe da vítima relatou a dor do luto e enfatizou a importância em mostrar para a sociedade a inocência do filho: “Não gostaria que o nome do meu filho tivesse nome de rua. Não é uma felicidade, é uma resposta”. No fim da entrevista, Edna disse que gostaria de expor para todos o filho carinhoso que tinha, bastante emocionada, a mãe desabafou dizendo que declarava todos os dias o seu amor por ele.

A cuidadora relata que, ao guardar os pertences do filho que estavam com familiares, escolheu intuitivamente ficar com o caderno, e ao abrir, se deparou com uma mensagem dirigida à ela: “Dona Edna, a dona do meu coração”. Ela conclui, “ele deixou escrito e registrado para não esquecer. Esse é o filho que eu tinha”.

CHACINA

A série de homícidos ocorreu entre 11 de 12 de novembro de 2015. As 12 vítimas eram do sexo masculino, além de que nove dos indivíduos mortos tinham entre 16 e 19 anos, os acusados de cometer o crime são policiais militares. No início de junho, após sete meses do massacre, o Ministério Público do Ceará pediu a prisão de 45 policiais e ex-policiais envolvidos no caso.

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