Participamos do

Greve dos professores completa três meses e permanece impasse nas negociações

Representantes da categoria divergem quanto aos avanços das negociações. Apeoc cita investimentos e recuo em portarias, e oposição acredita que conquistas são frutos da pressão estudantil
20:16 | Jul. 26, 2016
Autor Domitila Andrade
Foto do autor
Domitila Andrade Repórter Esportes
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

Com proposta mais recente do Governo do Estado sendo negada pela categoria, os professores completam três meses de greve e impasse deve seguir em agosto. A categoria, apesar das pautas em comum - como a valorização salarial que contemple também professores aposentados -, tem rachas. Enquanto o Sindicato dos Professores e Servidores de Educação e Cultura do Estado e Municípios do Ceará (Apeoc) acredita que houve avanços nas negociações, grupo de oposição ao sindicato aponta que governo atendeu às demandas, apenas pressionado pelas ocupações estudantis.

“Se voltássemos hoje, a única coisa que nos faria voltar de cabeça erguida seria o que o movimento estudantil conquistou. Os estudantes nos deram lição de como fazer pressão”, opina a professora da rede estadual, representante da rede de zonais, e integrante do Conselho de Leitores do O POVO, Cícera Barbosa. Entre as pautas estudantis, atendidas pelo governo, ela cita o investimento de R$ 140 milhões para reformas e melhorias na merenda.

De acordo com a professora, em reunião da rede de zonais de Fortaleza e Região Metropolitana realizada nesta terça-feira, 26, o pedido para convocação de nova assembleia da categoria e a organização de reuniões em escolas a partir de 1º de agosto foram decididas. “Em agosto, não havendo avanço do governo, não cederemos a pressão”, garante.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

[SAIBAMAIS2] 

Ela opina que a proposta do Secretaria Estadual da Educação (Seduc), de aumento na Parcela Remuneratória Variável (PVR) em 100%, representando um ganho remuneratório de 5 a 9,9% para os professores e investimento anual de R$ 75 milhões, não corresponde a aumento no salário-base e exclui professores aposentados.

Já o professor Anízio Melo, presidente do Sindicato Apeoc, acredita que houve, sim, avanços nas negociações, como o recuo de portarias que diminuíam as contratações temporárias e a liberdade para licença com fins de mestrado ou doutorado. Analisando como positiva a atuação do secretário da Educação, Idilvan Alencar - que assumiu a pasta com a categoria iniciando a greve -, o presidente tece críticas, no entanto, a “morosidade” com que a pauta dos professores é tratada “pelo restante do governo”.

Os dois representantes concordam no ponto que concerne ao retorno das aulas. “Queremos o retorno das aulas e nos preocupamos com a reposição, mas é preciso que se entenda que a valorização da educação passa pela valorização da categoria”, explica Anízio. “Nós queremos que os alunos voltem às aulas, que a preparação para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) seja feita, que eles adentrem às universidade e sentem nos mesmos bancos que nós sentamos. Mas a sociedade tem de compreender que nossa luta é, sobretudo, por melhorias para a educação”, reforça Cícera.

Seduc

Por meio de nota, Seduc informou que "tem mantido disponibilidade ao diálogo com professores" e que nas nove reuniões de negociação com representantes dos professores "cada ponto de pauta colocado pela categoria recebeu uma proposta concreta e seu devido encaminhamento".

A secretaria aponta que 25% das escolas aderiram à greve - informação contestada pela rede de zonais que acredita em número maior, sem precisar quanto.

Questionada pelo O POVO quanto a uma nova proposta que avance as negociações de reajuste salarial, a Seduc informou sobre os valores da última proposta, negada e categoria.

Em relação ao uso dos investimentos de R$ 140 milhões, anunciado em maio pelo governador Camilo Santana, a Seduc reiterou que foram destinados R$ 32 milhões às reformas - sendo R$ 16 milhões para 2016 e o restante para o próximo ano.

Interpelada sobre início de obras em escolas contempladas e prazos, a pasta afirmou que "mais de R$ 7 milhões já foram autorizados e as próprias escolas realizam seus processos licitatórios".

Com déficit de aulas a serem repostas, após o fim da greve, a Seduc disse cumprir recomendações do Ministério Público do Estado e "encaminhou a elaboração dos calendários de reposição, garantindo o cumprimento dos 200 dias letivos, para as escolas que aderiram à greve".

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente