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Performance protesta contra a violência sexual sofrida por mulheres

A intervenção urbana buscou expor a violência diária contra milhares de mulheres em todo território brasileiro
14:12 | Jun. 02, 2016
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Na tarde dessa quarta-feira, 1º, alunas do curso de Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC) em parceria dos coletivos Margens Urbanas, Azwaka, Grupo Teruá e artistas independentes realizaram uma intervenção urbana em protesto ao estupro coletivo sofrido por uma adolescente carioca há uma semana, no dia 25.

Partindo do Teatro Universitário, localizado no bairro Benfica, 16 meninas vestidas de branco e manchadas de sangue caminharam pela avenida da Universidade de braços dados.

Para além do caso Beatriz – adolescente estuprada em maio passado, no Rio de Janeiro por 33 homens, que impactou e comoveu o país – a intervenção urbana debate e expõe a violência diária contra milhares de mulheres em todo território brasileiro, seja na esfera pública ou no campo do privado.

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Raquel Amapos, estudante de Publicidade e Propaganda da UFC e integrante do [SAIBAMAIS 4]Programa de Educação Tutorial da Comunicação (PETCom), disse que a ideia partiu do Coletivo Margens Urbanas que teve conhecimento da campanha de conscientização “Isso é sério. Isso é assédio”, ação realizada pelo PETCom que discute sobre o assédio sofrido por estudantes no ambiente universitário.

“Eu ainda estou processando as sensações. Mesmo você estando lá, gritando contra a cultura de estupro existiam pessoas que te apoiavam, mas também passavam homens te chamando de ‘gostosa’. Mas ali, não era uma cena de teatro, era como se realmente estivéssemos abraçando todas as mulheres, as que sofrem abuso, assédio, estupro. Foi um misto de emoções”, descreve Raquel que nunca havia participado de uma intervenção urbana anteriormente.

Amanda Monteiro, estudante de teatro da UFC e integrante do Coletivo Azwaka, disse que na semana que aconteceu o episódio no Rio de Janeiro Coletivo considerou urgente a criação de um ato em apoio à luta contra a cultura do estupro. Com isso, eles decidiram se unir ao Coletivo Margens Urbanas e a outras iniciativas e, na segunda-feira, 30, definiram como seriam as etapas da intervenção.

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“Precisávamos de uma imagem marcante, então pensamos na imagem da moça crucificada com sangue na genitália”, explicou Amanda sobre uma das cenas protagonizadas pelo grupo. As meninas encontravam uma mulher caída e amarrada, após soltá-la, elas erguiam a moça (com o corpo em forma de cruz), abraçavam-na e entoavam uma ladainha que dizia, em determinado trecho: “Boa mulher submissa. Boa mulher que não grita. Boas mulheres não falam. Boa mulher não respira”  ‘ Isso aí não adianta de nada, a realidade é a mulher submissa sim’ gritava um homem enquanto passávamos, reações como essas fazem com que nós continuemos a realizar atos assim, para fazer as pessoas refletirem”, declarou a estudante.

Confira a galeria da intervenção:

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