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Técnico e engenheiro são indiciados por desabamento na ponte da Raul Barbosa

Inquérito concluído pela Polícia Civil verificou uma série de falhas na execução de escoramento da obra da ponte sobre o Canal do Lagamar
16:55 | Abr. 22, 2016
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O engenheiro de produção Sirley Duraes de Oliveira, 32, e o técnico de edificações João Luiz Nogueira, 42, foram indiciados por crime de desabamento culposo qualificado em trecho da obra de construção de ponte da avenida Raul Barbosa, que deixou dois operários mortos e três feridos no último dia 22 de fevereiro.

Informações sobre a conclusão do inquérito policial foram divulgadas em coletiva realizada no 4º Distrito Policial, no bairro Pio XII, na tarde desta sexta-feira, 22.

Os referidos funcionários da SH Formas Andaimes e Escoramentos LTDA, empresa responsável pelo escoramento da obra da ponte sobre o Canal do Lagamar, foram indiciados no artigo 256, que prevê crime de desabamento ou desmoronamento; e no 258, quando é verificada a forma qualificada do desmoronamento, com vítima fatal ou lesão corporal. O engenheiro de produção, por sua vez, ainda foi indiciado no artigo 47 na Lei das Contravenções Penais por exercício ilegal da profissão. 

[SAIBAMAIS 3]De acordo com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), Sirley não tinha competência para assinar o projeto, que deveria ser assinado por um engenheiro civil. Conforme o delegado, o engenheiro de produção, no entanto, alegou que, embora não fosse engenheiro civil, poderia exercer a função.

"Eles não tiveram intenção de que isso (o acidente) acontecesse. Não olharam que certas coisas não estavam sendo feitas de acordo com o projeto. E ia sendo feito. Até que chegou ao que chegou", ressalta o delegado.

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Falhas 

Ainda segundo o titular do 4º DP, foram detectadas várias falhas na execução da obra da Prefeitura de Fortaleza que resultaram no desabamento, como: falhas do próprio projeto e de execução, falha na montagem e orientação da estrutura de escoramento, uso e locação de peças de categoria inferior ou qualidade questionável, além de soldas mal feitas com falta de penetração e fusão.

Análise realizada pela Prefeitura, pelo Crea e pela Coordenadoria de Perícia Criminal da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) apontou que o desabamento ocorreu quando se concretava uma viga longarina. "Na hora da concretagem era para ser oito caminhões. Estavam enchendo a longarina já no quinto caminhão quando a estrutura não aguentou e desabou", detalha.

O conjunto de fatores, quando superpostos, e o peso do concreto fizeram com que a estrutura não suportasse o peso.

A construtora Ferreira Guedes S/A venceu a licitação para a construção da obra, mas contratou a SH Engenharia, responsável pela fiscalização e execução da concretagem. A contrutora, conforme aponta o laudo do Crea, executou etapas da obra em conjunto com empresas sub-contratadas.

O inquérito foi instaurado no dia 24 de fevereiro passado.

Redação O POVO Online com informações da repórter Jéssika Sisnando

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