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Saúde terá atendimento integral a crianças alérgicas a leite no Ceará

Há cerca de seis meses, as famílias de pacientes alérgicos à proteína do leite de vaca denunciam a irregularidade na distribuição das fórmulas
18:44 | Abr. 04, 2016
Autor Rubens Rodrigues
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Rubens Rodrigues Repórter do OPOVO
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Tipo Notícia
Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) vai abrir um novo serviço de atendimento às crianças com Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV). A decisão chega após meses de luta das famílias dos pacientes, que denunciaram a falta da fórmula especial para crianças cadastradas no Programa de Alergia à Proteína do Leite (PAPLV). De acordo com a Sesa, o atendimento integral com nutricionaistas e pediatras inciará na próxima segunda-feira, 11, Centro de Saúde do Meireles.
 
Mesmo com a decisão, a Associação das Famílias e Amigos de Crianças com Alergia Alimentar (Afac) voltou a denunciar a irregularidade dos produtos Neocate LCP, para crianças de 0 a 3 anos, Advance, para crianças a partir de 3 anos e Pregomin, para os pacientes que estão saindo da fase grave da alergia.
 
De acordo com a presidente da Afac, Aline Saraiva, as mães de Fortaleza e do interior do Estado têm recebido uma quantidade menor que o necessário para alimentação dos filhos. "Na sexta-feira (1°) eles não atenderam algumas famílias. Não explicaram o motivo e pediram apenas que retornassem nesta segunda-feira (4)", relata.
 
"Há famílias que vieram do Interior e, mais uma vez, voltaram de mãos vazias", explica a presidente da Afac. Aline lembra que a falta da fórmula acontece mesmo após a audiência pública na Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública, no último dia 16, quando ficou definido pela manutenção da fórmula. 
 
"Nada foi solucionando e a situação é recorrente desde o ano passado", continua. "Viemos denunciando o descumprimento da Secretaria de Saúde, não sabemos onde isso vai parar. É desumano". O POVO Online denuncia o problema desde outubro de 2015.
 
A confeiteira Ana Beatriz Araújo é mãe de uma menina de 1 ano e dois meses e relata que o problema vem se repetindo. "Eles estão entregando (quantidade suficiente) só para uma semana. Da última vez (no dia 18 de março) era para ter recebido seis latas e recebi apenas quatro. Reclamei e disseram que só tinha essa quantidade porque estava em falta". Na última sexta-feira, 1º, Ana Beatriz recebeu apenas três latas da fórmula LCP.
 
A costureira Raquel Sampaio, mãe de uma menina de 9 meses, diz que deve receber sete latas de leite por mês, mas recebeu apenas duas, na última quinta-feira, 31. Outra mãe, que preferiu ter a identidade preservada, recebeu apenas duas latas na última sexta. "Faz mais de dois meses que não recebo direito. A situação está cada vez pior". O POVO Online teve acesso a documentos de requisição emitidos pela Coordenadoria de Assistência Farmacêutica (Caf) que sustenta a denúncia das mães. 
 
A alergologista Fabiane Pomiecinski, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia no Ceará (Asbai/CE), avalia que o principal prejuízo para as crianças é do ponto de vista nutricional e imunológico. "Depende muito de cada crianças. Os bebês sofrem mais, principalmente os que ainda não começaram a alimentação complementar", explica. "Eles sofrem com a queda no peso e não têm como repor com outros alimentos já que muitas crianças, além de alérgicas a leite, são alérgicas a ovo, carne, e não tem como ter outra proteína".
 
Pomiecinski alerta que, se houver substituição da fórmula por produtos com elementos de leite de vaca, há risco de óbito. "A criança pode ter uma anafilaxia, que é a mais forte das reações alérgicas. Com a desnutrição a criança fica carente de vitamina, o que pode causar danos ao sistema imunológico". 
 
A Sesa informou, por meio de nota, que já adquiriu e recebeu nesta segunda-feira, 4, novo estoque de leite para manter a regularidade da distribuição. A Secretaria informou ainda que, no Estado, 2.600 crianças são atendidas por meio do programa. 
 
Serviço
 
Centro de Saúde do Meireles 
Avenida Antônio Justa, 3113
 
Redação O POVO Online

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