Pesquisadores detectam zika em macacos no Ceará
Os resultados preliminares foram publicados no periódico bioRxiv, e a descoberta mostra que a doença pode ser mais difícil de ser controlada do que se pensavaAtualizada às 16 horas
Macacos infectados pelo vírus zika foram encontrados pela primeira vez fora do continente africano por pesquisadores cearenses e paulistas . Os animais foram localizados em diferentes regiões do Ceará, entre julho e novembro de 2015. Ao todo, foram capturados 15 soins e nove macacos-pregos em áreas com notificação de zika e ocorrência de microcefalia, conforme a Secretaria Municipal de Saúde (Sesa).
Os resultados preliminares foram publicados no periódico bioRxiv, e a descoberta mostra que a doença pode ser mais difícil de ser controlada do que se pensava. Os animais foram capturados em Fortaleza, Guaraciaba do Norte, São Benedito e Tabuleiro do Norte.
“Este é o primeiro relato de infecção pelo vírus zika em primatas neotropicais e indica a possibilidade de que estas espécies possam atuar como reservatórios do vírus, semelhante ao observado no ciclo silvestre da febre amarela no Brasil”, disse a bióloga Silvana Regina Favoretto, coordenadora do projeto “Raiva em silvestres terrestres da Região Nordeste do Brasil: epidemiologia molecular e detecção da resposta imune”, desenvolvido em parceria pelo Instituto Pasteur de São Paulo, Universidade de São Paulo (USP) e Sesa.
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AssineCientistas do Instituto de Ciências Biomédicas da USP (ICB-USP) e do Instituto Pasteur estavam capturando saguis e macacos-prego para um estudo sobre raivas, mas acabaram identificando o zika em 29% das amostras. Sete dos 24 animais que passaram pelo teste de zika estavam infectados na região costeira do Ceará e áreas de caatinga e de floresta. A previsão é que os pesquisadores retornem em maio para fazer exames em mais macacos e recapturar alguns animais testados.
Segundo a veterinária Naylê Holanda, coordenadora do projeto no Ceará, a pesquisa ainda não apresentou conclusões, mas é provável que os animais tenham sido infectados pelo vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti a partir de humanos.
Em nota, a Sesa informou a preocupação é com a possibilidade do zika ser transmitido a humanos a partir de animais, como no caso da febre amarela. Os soins e macacos-prego testados no Ceará para o vírus zika tiveram um microchip implantado e foram devolvidos ao habitat.
O POVO Online tentou entrar em contato com o ICB-USP, mas as ligações não foram atendidas.