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Mortandade de peixes em açude da UFC está sendo investigada

A grande quantidade de matéria orgânica no açude teria causado desequilíbrio ambiental devido à diminuição de oxigênio na água. Universidade sustenta que açude sofre com poluição de águas externas
14:56 | Abr. 08, 2016
Autor Amanda Araújo
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Tipo Notícia

Atualizada às 17h52min

Dezenas de peixes do açude Santo Anástácio, localizado dentro da Universidade Federal do Ceará (UFC), apareceram mortos nos últimos dias. A mortandade, conforme a universidade, está relacionada às chuvas que atingiram Fortaleza e alteraram o equilíbrio de oxigênio no açude.

As imagens dos peixes mortos foram enviadas ao O POVO Online nesta sexta-feira, 8. O professor Manuel Furtado, do departamento de Engenharia de Pesca da UFC, explica que houve aumento de nitrogênio e diminuição de oxigênio. "O que deve ter acontecido é que, com a chuva, muita matéria orgânica foi carregada dos riachos, provocando esse desequilíbrio ambiental''.

Segundo Manuel, a queda de oxigênio provoca eutrofização, aumentando os níveis de nitrogênio e dificultando a respiração dos peixes. "As chuvas carregaram essa matéria orgânica e aumentou a quantidade de algas, que utilizam mais oxigênio. Não é que haja uma poluição desenfreada", afirma.

O superintendente de Infraestrutura da UFC, Ademar Gondim, informou que os peixes foram recolhidos, e amostras da água foram encaminhadas para análise no departamento de Química da Universidade. "Estamos dando o destino adequado para os peixes. Foi a primeira vez que isso ocorreu nessa escala, por isso é necessário ver o que houve de diferente".

Ademar também aponta a possibilidade de algum tipo de poluição do córrego em outros pontos da cidade. "A água que vem para esse açude vem do mesmo curso da lagoa da Parangaba. Já entramos em contato com a Cagece e com a Secretária do Meio Ambiente para atenuar e prevenir esse problema", frisa.

Em nota, a UFC disse que deu início à limpeza do açude e pesquisadoras estão acompanhando o procedimento para tentar conter danos ambientais. A estimativa é que a população dos peixes seja recuperada entre 30 e 40 dias.

''O Açude Santo Anastácio passa por ações permanentes de limpeza, com retirada de aguapés e resíduos, mas sofre com alto grau de poluição das águas que o alimentam, vindas de áreas externas à UFC. Ele também é objeto de várias pesquisas científicas, bem como de projetos de extensão que trabalham questões relacionadas à educação ambiental das populações dos bairros do entorno", informa a UFC, em nota.

Investigação

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A Seuma também apontou que a mortandade pode estar relacionada à alteração no equilíbrio do nível de oxigênio por conta das chuvas. "Técnicos da Célula de Controle de Efluentes estão acompanhando a mortandade de peixes no açude Santo Anastácio. O órgão já está em contato com a Universidade Federal do Ceará (UFC) para ações contínuas de monitoramento do recurso hídrico", disse, em nota.

A secretaria também destacou a fiscalização de grandes poluidores de efluentes e resíduos, além de imóveis não interligados à rede de esgoto, por meio do Programa Águas da Cidade, que tem o objetivo de recuperar a qualidade dos bens hídricos.

Em nota enviada ao O POVO Online, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) informou que a área, próxima ao açude, é "complexa" e que foram encaminhadas ao local equipes técnicas e maquinário especializado para atuar na rede. Ainda de acordo com a nota, a "companhia verifica incidência de ligações clandestinas de esgoto para o açude" e que a ocorrência de chuvas pode ter destinado indevidamente materiais como lixo na rede de esgoto, obstruindo a tubulação.

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