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Prefeitura acata reivindicações de manifestantes e nega cortes na Rede Cuca

Membros do Fórum de Jovens do Cuca Barra, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e Movimento Rua estiveram presentes em reunião com representantes da Prefeitura de Fortaleza
19:00 | Mar. 28, 2016
Autor Rubens Rodrigues
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Rubens Rodrigues Repórter do OPOVO
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Tipo Notícia
Atualizada às 21h15min
Jovens de diferentes movimentos sociais ocuparam o Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (Cuca) do bairro Jangurussu, da última quinta-feira, 24, a domingo, 27. A juventude se manifestou contra os cortes de verba e as demissões em massa nas três unidades da Rede (Barra do Ceará, Jangurussu e Mondubim). A ocupação foi encerrada após encontro de representantes da Rede Cuca e da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas de Juventude. 
 
De acordo com os coletivos de luta, assessoria especial da coordenadoria José Eugênio esteve presente na reunião realizada no último sábado, 26. Membros do Fórum de Jovens do Cuca Barra, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e Movimento Rua estiveram presentes.
 
A Prefeitura acatou várias das reivindicações realizadas, como o fim dos cortes orçamentários. A gestão da Rede vai receber um acréscimo de 20% no orçamento e novos profissionais serão contratados. 
 
Para o estudante de ciências contábeis e produtor cultural, Marcelo Ricarte, de 28 anos, a juventude de Fortaleza mostrou potencial político na situação. "Dessa forma foi possível fazer as autoridades enxergarem isso. Hoje os movimentos servem para pressionar o poder público. A gente sabe que o principal alvo da violência é a juventude, então tem que haver um trabalho muito em cima da prevenção", avalia o membro do Fórum de Jovens do Cuca Barra.

A ex-diretora de Promoção dos Direitos Humanos da Rede Cuca, Luisa Cela, diz que a direção do equipamento "começou a enfrentar dificuldades de entendimento da forma de conduzir as políticas públicas". Luisa deixou o cargo oficialmente no dia 21 de março, juntamente com os outros diretores do equipamento.
 
Em carta aberta publicada por meio do Facebook, ela afirma que "é importante reconhecer os limites pessoais, profissionais, éticos e políticos dos espaços". Ainda na publicação, ela diz que "foi um pouco disso" motivou decisão de entregar o cargo. 
 
Procurada pelo O POVO Online, ela afirma que entregar os cargos não foi uma decisão combinada. "A demissão aconteceu de forma muito singular para cada um. Penso que foi dessa forma porque todas as diretorias estão ligadas a um contexto comum. A Lara (Vieira) quando decidiu deixar a presidencia, ela deixou a equipe toda muito confortável para resolver o que fazer", explica.
 
"Não existe segurança" 
 
Para Luisa Cela, o maior problema que a Rede Cuca enfrenta é não possuir um processo definido. "Não é uma política pública. São projetos, programas que acabam ficando muito vinculados ao gestor que está a frente da coordenadoria. Não existe uma segurança em relação a política a ser desenvolvida". Dentre os fatores que causa "insegurança", ela afirma não existir "definição mínima orçamentária" e que o corte orçamentário pela Prefeitura e a redução de oferta de atividades "prejudica" a execução das políticas.
 
Um ex-funcionário do Instituto Cuca, que pediu para não ser identificado, afirmou que a ampliação do horário de atendimento só aconteceu após a demissão da maior parte dos funcionários. "Um dos cargos ocupados tinha seis coordenadores, sendo dois por Cuca. Agora tem somente uma para todas as unidades", explica. "Na coordenação de programação era um coordenador pra cada Cuca e agora tem apenas uma pessoa para os três".
 
A fonte afirma ainda que o orçamento fechado pela Prefeitura "é só de fachada". Ela apontou que existe um orçamento que "deveria ser repassado, mas não é". "O orçamento foi fechado em um Contrato de Gestão entre Prefeitura e Cuca, há um ano atrás, mas a prefeitura não cumpriu integralmente os valores desse repasse". A falta do repasse resultou em salários atrasados.
 
O coordenador de Gestão e Políticas Públicas de Juventude da Prefeitura de Fortaleza, Robson Bandeira, negou as informações que circulam entre os funcionários sobre cortes de recursos humanos. "Houve demissões motivadas dentro da coordenadoria. As pessoas simplesmente pediram para sair da gestão por diversos motivos, incluindo cunho pessoal", afirmou. Ele diz que o aumento no horário de atendimento só foi possível porque não houve redução de funcionários. 
 
"O que ficou acertado com os movimentos sociais é que a coordenadoria se compromete a manter a qualidade no serviço e o corpo profissional desde que seja adequado e desempenhe as atividade corretamente" disse, lembrando que os funcionários não são servidores publicos, mas seletitas contratados pelo Instituto Cuca, organização social (OS) que gerencia as três unidades da Rede.
 
Bicicletar 
 
Dentre as reivindicações estava a melhoria do transporte na região dos Cucas. A Prefeitura assegurou a implantação do Bicicletar. Há ainda a possibilidade de "acelerar" o projeto de ciclifaixa que deve integrar as três unidades pela av. Perimetral. Será feito ainda uma análise de viabilidade junto a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social e Combate a Fome para a implementação de um restaurante popular no equipamento.
 
Ainda segundo a coordenadoria de Gestão e Políticas Públicas de Juventude, a Rede atendeu 90 mil jovens em 2015 e 75 mil em 2014.
 
A partir desta terça-feira, 29, o horário de atendimento será das 8 as 22h. Aos domigos, ficará aberto das 14 às 18h. O equipamento fecha às segundas para manutenção.

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