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Conflitos relacionados ao tráfico geram uma morte por dia no Bom Jardim

22:15 | Fev. 10, 2016
Autor Jéssika Sisnando
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Jéssika Sisnando Repórter
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Tipo Notícia
O número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) resultou em cinco mortes, ou seja, em uma morte por dia no bairro Bom Jardim. O resultado desse balanço compreende ao último sábado, 6, até a última quarta-feira, 10.

Na tarde desta quarta-feira, dois crimes com características de execução aconteceram no bairro, sendo que um deles vitimou José Valderlei Costa da Silva, 24 anos, na comunidade do 7 de setembro. 

 Conforme a Polícia Civil, o rapaz possuía pelo menos quatro antecedentes criminais por roubo e passou o dia na rua onde ocorreu o crime. Apesar de estar na comunidade do 7, ele pertence a comunidade do Miguel Arraes, que é rival da comunidade 7 de setembro. Valderlei foi morto com 12 tiros e a maioria dos disparos atingiu a região da cabeça. As linhas de investigação são de que ele tenha sido morto em decorrência de ter adentrado a comunidade rival ou das práticas de roubo.

Já na Rua NE3 um adolescente de 17 anos foi morto em um campo de futebol com 10 tiros. De acordo com o perito Antoniel Silva, o jovem foi atingido com cinco tiros nas costas, um na perna direita e um quatro na cabeça, incluindo a nuca. Embora o modo de matar seja o mesmo, com os tiros direcionados à cabeça, o perito diz que não há como relacionar a morte do adolescente com a de Valderlei. Ele informa que, no momento da abordagem, o jovem usou uma garota como escudo, mas os homicidas continuaram atirando.

 A garota, sem identificação, saiu ferida e foi socorrida a uma unidade de saúde. O adolescente morreu no local. Segundo o delegado da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Fábio Torres, a vítima permaneceu todo o Carnaval escondida em casa, pois recebeu ameaças.

 O jovem seria envolvido com o tráfico de drogas. Na última quarta-feira, 9, o perito Pedro Amaro informou que não houve nenhum homicídio no bairro do Bom Jardim. Já no dias 6, 7 e 8 foram registrados três casos no boletim da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

 No sábado, 6, na Avenida Urucutuba, a vítima foi um homem sem identificação e o crime aconteceu volta das 2h29min, na mesma Avenida mais dois crimes no domingo, 7, e na segunda-feira, 8, foram registradas mortes de Felipe A.C, e Willami S. R.. Os suspeitos dos crimes não foram identificados

Tráfico de drogas

 Apesar do delegado não relacionar todos os casos com o problema do tráfico de drogas e da briga entre gangues do Bom Jardim, moradores dizem que passaram o Carnaval trancados com medo dos tiroteios. Um homem que trabalha com serviço de carro particular (nome preservado) informou que deixou uma passageira no conjunto Tatumundé.

“Me deparei com uns 40 jovens todos se preparando para atacar um grupo rival. Tive que desviar para deixar essa mulher e fiquei assustado”, relatou. Já uma moradora de um bairro vizinho ao Bom Jardim (nome preservado) diz que a guerra de ovos fez com que ela passasse o Carnaval em casa.

“Entre os que estavam jogando ovos tinham muitos com facões e revólveres. Eles comem os ovos e depois ficam sem ter o que comer”, relatou.

Segundo a delegada Evna, os inquéritos das mortes no feriado estão com a Divisão de Homicídios. No entanto ela ressalta que a Polícia tem consciência da rixa que existe entre as comunidades do Miguel Arraes e Tatumundé, em virtude do tráfico de drogas.

 "Existem inimigos de um lado e do outro e gente que é ligada a um e ao outro. Mas os crimes também podem ter outras motivações. Lá eles têm as regras deles, se assaltou lá é morto, também pode ter sido isso", comenta.

O delegado Fábio Torres diz que os casos não possuem vinculação com o Carnaval em si, que são casos que poderiam ter acontecido em qualquer dia. "Como no caso do adolescente, ele passou o Carnaval em casa, mas saiu hoje e foi morto", relatou.

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