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Jornalista cria blog para relatar rotina do filho autista

Para ampliar o acesso a informações sobre autismo, Helaine criou o blog deliciadejoao, uma extensão do que já fazia em seu perfil no Facebook
13:50 | Jan. 08, 2016
Autor O POVO
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Tipo Notícia
Diferentemente de crianças da mesma faixa de idade, o filho da jornalista Helaine Oliveira, João, não formulava pequenas frases, quando tinha 2 anos de idade. Nem mesmo a cirurgia para corrigir o freio lingual encurtado tirou de João o hábito de comunicar-se apenas através de gestos e apontamentos. Somado a isso, João só andava na ponta dos pés, tinha um comportamento aparentemente agressivo quando não entendia algo e reagia inadequadamente a uma sensação (estereotipia) e não se comunicava com outras crianças.

Mesmo após consultas, três pediatras não conseguiram chegar ao diagnóstico correto para esses comportamentos. Foi somente após a indicação de um fonoaudiólogo que Helaine pode compreender o universo no qual estava inserido João. O diagnóstico foi de que a criança possui Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou autismo. Para amplificar o acesso a informações sobre autismo, Helaine criou o blog DeliciaDeJoao, uma extensão do que já fazia em seu perfil no Facebook.

As informações não ajudariam somente familiares e amigos de crianças autistas, mas também toda a sociedade. "As pessoas olham torto em espaços públicos", diz Helaine. Se João não consegue entender a lógica da espera em uma fila, por exemplo, as pessoas ao redor costumam achar que ele é "mimado" ou que "falta moral" dos pais.

Saber que o autismo existe e quais são os seus sinais é importante para possibilitar a procura por profissionais competentes. "Mamães que sentem que o filho não está apresentando alguma fase do desenvolvimento infantil podem questionar ao pediatra se existe a possibilidade de TEA", é uma das orientações do blog. O diagnóstico precoce é essencial para melhorar a sociabilidade da criança. Após os cinco anos, passa a ser mais difícil ajudar os portadores de autismo, afirma Helaine.

Hoje, às vésperas de completar 4 anos, João tem avanços comemorados pela mãe. Mas são avanços conquistados por os pais terem o devido entendimento do transtorno. Com relação à estereotipia, os pais conversam com ele para ajudá-lo a reagir devidamente. "Às vezes, ele tava tão animado que não sabia como agir. A gente vai e fala: como é que faz quando a gente fica alegre?", exemplifica a mãe.

Atualmente, ele tem deixado de morder e beliscar quando contrariado, é mais comunicativo e não anda mais na ponta dos pés. Mas ainda há muito o que avançar — não somente por João. "Ainda existe muito desconhecimento do que seja o TEA e seus diversos níveis (o João estaria no nível de distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação, pois tem boa sociabilização mas não se comunica verbalmente, muito embora esteja começando a se comunicar depois das intervenções)", escreve Helaine no deliciadejoao.

Redação O POVO Online

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