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Bloco 'Eu Não Sou Cachorro, Não' faz campanha de financiamento coletivo na internet

Há quatro anos no Pré-Carnaval de Fortaleza, o bloco tenta arrecadar R$ 7 mil, por saída, por meio da internet
18:53 | Jan. 12, 2016
Autor Rubens Rodrigues
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Rubens Rodrigues Repórter do OPOVO
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Tipo Notícia
Sair no Pré-Carnaval de Fortaleza exige uma estrutura necessária para aportar banda e público, por isso o apoio dos editais é tão importante. Sem aprovação no Ciclo Carnavalesco 2016, o bloco 'Eu Não Sou Cachorro, Não' precisa financiar a realização de forma independente. Para isso, a organização do bloco criou uma campanha de financiamento coletivo na internet para garantir o evento.
 
Com o objetivo de arrecadar R$ 14 mil, sendo R$ 7 mil para cada uma das próximas duas saídas, o organizador do bloco e vocalista da banda Os Alfazemas, Adriano Uchôa, criou uma vaquinha em uma plataforma online para ajudar a fazer a festa. "Queremos contar com o apoio do público, já que a presença é massiva nos blocos. As pessoas podem colaborar com qualquer quantia".
 
O bloco precisa bancar a estrutura completa, que inclui, além do som que alcance o grande público que comparece às festas, palco, luz, gerador de energia e aluguel de banheiros químicos. A contratação de equipes de limpeza, produção e técnica também é necessária. 
 
Em uma semana, a campanha arrecadou R$ 1.771. A ação segue até a próxima sexta-feira, 15. "(A plataforma) só libera a grana com 14 dias após o encerramento. A gente já nao sai no próximo sábado (16) porque não tem como reservar a estrutura sem a garatia do pagamento", continua. O bloco sai nos últimos dois sábados da programação, dias 23 e 30.
 
Sem edital 
 
Há quatro anos realizando a folia na Capital cearense, o bloco se apresentou de forma independente por três anos. O apoio por meio do edital veio somente uma vez, em 2013. No mesmo ano, os organizadores arrecadaram ainda R$ 6 mil, entre apoio e venda do material promocional da banda. Dessa vez, o projeto foi habilitado em 43º lugar, em uma lista de 40 chamados.  
 
Para Adriano Uchôa, o resultado parece "estranho" para um bloco que já foi vencedor do edital e, desta vez, apresentou um projeto melhor em relação aos anteriores. Além disso, o músico aponta o crescimento do bloco nos últimos anos. As saídas reúnem um público estimado de quatro a cinco mil pessoas.
 
O organizador explica o apoio da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) é importante, mas lembra que não é suficiente para pagar todos os custos. "A gente já teria uma grande correria para fazer as quatro saídas. O valor do edital só cobre R$ 10 mil. Mesmo com essa ajuda a gente teria que correr atrás do restante". Uchôa esclarece que sem apoio, fica mais difícil conseguir patrocínio. "Quando saiu o edital, alguns apoios que estavam sendo negociados não saíram mais. Isso afasta os patrocínios".
 
Festa de rua 

[FOTO2]Para ele, aprovar blocos menores ao invés do 'Eu Não Sou...', parece uma tentativa de "barrar a festa popular", já que ambos os blocos são localizados no bairro Benfica. "Não consigo entender a política de distribuição de verba do Pré-Carnaval. É minimamente estranho, ainda mais no Benfica. Parece que, no futuro, vão querer tirar o fuzuê de lá", continua.
 
"Às vezes acho que há a intenção de um dia tornar o Pré-Carnaval privatizado, de clube, ao invés de ser uma festa de rua. Não soa bem que a maioria das festas aconteçam na Aldeota e na Praia de Iracema. É esquisito que os blocos maiores sofram esse tipo de desprezo do poder público".
 
A Secultfor informou, por meio da assessoria de comunicação, que os critérios para aprovação no edital são estritamente técnicos. A secretaria informou ainda que o bloco 'Eu Não Sou...' foi habilitado, "mas não atingiu a pontuação média suficiente para ficar entre os 40 primeiros".
 
O jornalista Luciano Almeida Filho, que fez parte da comissão de seleção designada, lamenta a banda ter ficado de fora. "Sou entusiasta do bloco e da banda, já compareci algumas vezes. Mas o edital é cheio de detalhes", comenta.
 
Luciano lembrou ainda que, nos anos anteriores, os avaliadores poderiam consultar as notas e equilibrar os blocos de acordo com a localização dos blocos nos bairros. O processo referente ao Ciclo Carnavalesco deste ano foi diferente, já que cada avaliador fez a análise separadamente e sem manter contato durante o processo. "Tradicionalmente os bairros que têm mais blocos são a Praia de Iracema e o Benfica, não há discriminação". 
 

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