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Policiais militares comemoram promoção histórica

Os agentes deram depoimentos ao O POVO sobre os caminhos que trilharam até chegar no dia das promoções, alguns aguardaram até 15 anos.

21:15 | 15/12/2015
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"Um barulho de tiro e o corpo nem sente de tanta adrenalina. Você vai sentindo a perfuração e apagando. Trocamos tiros por uns 30 segundos e fui para o hospital", esse é o relato de um dos 8.203 policiais militares serão promovidos de quarta-feira, 15 até o dia 23.

O sargento Francisco Antônio Pacheco Sousa, que a partir do dia 17 passará a ser chamado de subtenente Pacheco, explicou que dedicou 31 anos e seis meses ao Batalhão de Choque. "Viajei para várias missões, fui para a Força Nacional e conheci cinco países, comunidades indígenas, fui alvejado duas vezes em combate e ferido a faca, mas sempre coloco Deus como um pilar em minha vida", descreveu. 

 O futuro subtenente conta que um dos episódios mais marcante foi quando estava patrulhando em direção ao quartel, na Avenida 13 de Maio, quando recebeu a informação de um cidadão desesperado, de que três homens assaltavam um comércio e faziam reféns, um detalhe: eles estavam vestidos de palhaço.

"Desembarcamos da viatura em marcha tática e me deparei com eles vestidos de palhaços, roupão, perucas, fomos recebidos a bala e quando revidamos fui alvejado", comentou o PM sobre uma das várias situações que conta ter passado. 

O dia 17 é especial para Pacheco, que vai ter como madrinha a filha, formanda em medicina. Ao falar do momento esperado e da felicidade em ver a filha concluindo uma graduação. Ele silencia por alguns minutos, se deixa levar pelo choro e lembra dos colegas que se foram.

 "É uma conquista que muitos companheiros não chegaram onde estou chegando, alguns tombaram no meio do caminho, outros no primeiro dia de trabalho, tenho a Deus pela minha trajetória de vida", finalizou.

 Promoção histórica
 
Segundo a Polícia Militar do Estado do Ceará, serão realizadas 432 promoções de oficiais, 7.761 de praças, com 10 cerimônias, sendo duas em Fortaleza e oito no Interior. A maior promoção da história do Ceará, sendo a última em 2006 com 1.679 participantes. A Lei das Promoções foi assinada em abril deste ano e sancionada no dia 22 de maio.

 

O soldado David Barbosa, que foi demitido no período dos movimentos e readmitido neste ano, a luta pela promoção dos militares foi apenas um dos fatores que desencadearam todos os movimentos.

O PM que também está no quadro das promoções relata que vai ter um ganho salarial de R$ 80 com a promoção, mas acredita que a promessa de Camilo será cumprida.

Segundo um dos líderes da categoria, deputado Capitão Wagner (PR), a reivindicação deve continuar, tendo em vista que o impacto salarial é pouco, de R$ 8 a 80 reais. No entanto, o governador Camilo Santana (PT) prometeu adequar a média salarial dos PMs.

Esperança
 
Marcílio Mendes de Oliveira, o soldado Mendes, tem 38 anos de idade, mas 15 deles são dentro da corporação. "Quando a gente entra na Polícia a gente espera ser promovido, mas com a realidade que a Polícia estava vivendo, não tinha a mínima condição. Minha esposa e minha filha de cinco anos vão estar lá amanhã (16). Já bati foto do meu uniforme, mandei para meu irmão", detalha.

 Lotado no Quartel do Comando Geral (QCG), Mendes só se entristece quando é lembrado da situação de colegas que não foram promovidos. "Tem a questão da nova legislação, alguns impedimentos e artigos não favoreceram alguns colegas e eles não puderam ser promovidos. Estamos felizes, mas por outro lado existe essa tristeza, pois essas promoções amanhã serão históricas", acrescentou o futuro sargento.

Momento de euforia

 Para o capitão Wagner (PR), o momento é de "euforia". "É um orgulho para cada policial e bombeiro militar levar seu familiar para um evento em que vai ser reconhecida a carreira, muitos vão ter duas promoções em uma só, recebemos muitas mensagens de agradecimento, pois a origem disso tudo se iniciou em 2011, com a luta da categoria lá atrás", relembrou.

 Para Wagner, foi um movimento duro, houve a eleição para vereador em que ele permaneceu como o mais votado do estado do Ceará, seguida da confusão de policiais que teriam sido demitidos injustamente há dois anos, policiais transferidos, perseguições. "Nas últimas eleições 20 policiais fizeram vídeo de apoio a mim e ao cabo Sabino (deputado federal), tiveram que responder a processo, mas os policiais demitidos voltaram e os processos não tiveram continuidade", revelou.

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