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Morre jornalista e professor Agostinho Gósson, aos 63 anos

Agostinho enfrentava um câncer no fígado e morreu por volta das 23h30min. Veja depoimentos de amigos e ex-alunos

01:10 | 12/12/2015
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Atualizada às 15h51min

Morreu na noite desta sexta-feira, 11, o jornalista, radialista, professor e ouvidor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Agostinho Gósson, aos 63 anos.

Agostinho enfrentava um câncer no fígado e morreu por volta das 23h30min.

Nascido em São Paulo, mas filho de pais cearenses, o jornalista comandava o programa Rádio Debate, que vai ao ar ao vivo de segunda a sexta, na Rádio Universitária FM.

Também já presidiu a Associação Cearense de Imprensa (ACI), a Rádio Universitária, o Sindicato dos Jornalistas no Ceará (Sindjorce), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), e atuou nos principais veículos de comunicação de Fortaleza.

[SAIBAMAIS1]Agostinho marcou a formação acadêmica de muitos jornalistas que passaram pela Universidade Federal. Em perfil publicado no caderno Vida&Arte do O POVO, em 2013, é descrito como “um desses professores que a gente sente saudades quando cresce. Porque chega um tempo, na profissão, em que a gente deseja acreditar de novo - na ética, no bom jornalismo, na salvação da humanidade. E o Agostinho é um dos que nos ensinam essa crença. Ele doa um tanto de si próprio para formar jornalistas”, em comentário da ex-aluna e repórter especial Ana Mary C. Cavalcante.

Na mesma publicação, o professor se define como “um jornalista visceral”, garantindo que foi parar nas salas de aula apenas por “sobrevivência”.

Nas redes sociais, amigos e colegas de profissão lamentam a morte do jornalista. Ronaldo Salgado, professor de Jornalismo da UFC e amigo íntimo de Agostinho, diz que não perdeu apenas um amigo.

"Perdi um irmão querido. Um companheiro que sabia como ninguém exercer a amizade e o amor como imperativos da vida. Um profissional jornalista que, em essência, entregava-se ao ofício como quem se entrega à verdade da existência humana. Ética era intrínseca a ele; fidedignidade à condição fraterna, um imperativo! O homem, o profissional, o pai, o ser humano era um único. Síntese da mais perfeita humildade humana".

Em 2012, Agostinho Gósson recebeu o título de cidadão cearense pela Assembleia Legislativa do Ceará.

O velório foi realizado neste sábado no cemitério Jardim Metropolitano, no Eusébio. A missa de corpo presente ocorre neste momento, no mesmo local. O sepultamento ocorrerá logo mais, às 16h.

Depoimentos

"O Agostinho é talvez o mais perfeito exemplo de jornalista que eu conheci na minha vida. Ele não somente praticava o jornalismo correto do ponto de vista da técnico, mas sobretudo ele era radicalmente ético e o fazia respeitando a condição humana. Ele significa para gerações de jornalistas o mais valoroso exemplo de um profissional cuidadoso, honesto, ético, humano, sensível e competente. Eu perco um amigo, um irmão, um companheiro. Eu fui secretário-geral quando ele foi presidente do sindicato (dos Jornalistas) e essa foi a mais radical experiência da minha vida" Ronaldo Salgado, jornalista, colega como professor da UFC e amigo de Agostinho

"Agostinho Gósson era um homem de bem. Como jornalista, tornou-se uma referência ética. Como professor, contribuiu, com Ronaldo Salgado, para formar gerações de jornalistas. Tinha um rigor pela palavra impressa. Tinha um sentimento do coletivo, como poucos. Era um homem de trato agradável, ainda que não fugisse das lutas sindicais ou acadêmicas. Era um amigo, um conselheiro e um guerreiro. Superou muitas adversidades, com generosidade, lealdade e amizade" Gilmar de Carvalho, colega como professor da UFC e amigo de Agostinho

"Tive o privilégio de ser colega de Agostinho Gósson no Departamento de Comunicação Social da UFC. Professor exemplar, mestre de várias gerações de jornalistas e referência obrigatória em termos de ética, generosidade intelectual e humanismo, Agostinho deixa uma lacuna inestimável para o jornalismo cearense" Luizianne Lins, jornalista, deputada federal e ex-aluna de Agostinho

“A gente perde uma grande referência de profissional, de professor e de sindicalista. Fui aluna do Agostinho e brinco que, não só a técnica e a ética, aprendi com ele a me comportar como repórter. Para gente do movimento sindical, ele é uma grande referência pelas posturas muito combativas. Ele dizia que o caminho que ele tinha de seguir era o da academia, porque no mercado de trabalho, devido a essa postura combativa dele, era difícil. O legado fica na geração de jornalistas formados por Agostinho Gósson na UFC” Samira de Castro, presidente do Sindicato dos Jornalistas no Ceará (Sindjorce) e ex-aluna de Agostinho

"Agostinho era para mim o mais doce dos turrões, ele era bruto e delicado. Quem via de longe, achava que ele era meio grosseiro e agressivo, ele falava alto. Mas pelo contrário, ele de perto era uma flor. Tenho dele as melhores lembranças do convívio de alguém que moveu todo o jornalismo que eu fiz. Ele dizia que jornalismo cultural era jornalismo de frescura, e eu pensava que ele não me lia. Mas não, ele sabia que era um jornalismo importante de ser feito e tinha orgulho do caminho que eu segui. Ele era um reserva moral, de conteúdo que estava ali que a gente podia  acessar. Ele é um pai para quem pode conviver com ele” Magela Lima, jornalista, secretário da Cultura de Fortaleza e ex-aluno de Agostinho

"O professor Agostinho Gósson foi um homem intenso e firme. Fui seu aluno na Universidade Federal do Ceará e, depois, jornalista chefiado por ele na TVC. Já no O POVO, nos reencontramos quando ele fez parte do início do Conselho de Leitores do jornal. Ensinou a mim e a uma legião de jornalistas. E só tenho a agradecer por ter tido o privilégio de partilhar de seus ensinamentos" Arlen Medina Néri, diretor-geral de Jornalismo do Grupo de Comunicação O POVO

“Entrei no Curso de Comunicação depois de uma tentativa frustrada de me formar médica. Não tinha muita convicção do que estava fazendo ali. Agostinho foi um dos primeiros a me mostrar o que era ser jornalista e que jornalista eu poderia me tornar. Me apresentou a profissão a partir de valores que eu trouxe para a Redação e para minha vida pessoal. Foi um verdadeiro mestre” Cinthia Medeiros, editora executiva de Cultura e Entretenimento do O POVO e ex-aluna de Agostinho

“Agostinho é daqueles professores que ficam guardados dentro da gente. A cada desafio do jornalismo, nesse dia a dia tão difícil e corrido da profissão, sempre há espaço para pensar em detalhes do que ele me ensinou. Nesse momento de saudade, prefiro pensar que esse grande homem descansou e que seu legado está no coração de todos nós. Sigamos colocando em prática seus ensinamentos” Juliana Matos Brito, editora de Audiência do Grupo de Comunicação O POVO e ex-aluna de Agostinho

"Alguma coisa devo ao Agostinho Gósson, o professor, por ter persistido na ideia de ser jornalista. Havia um entusiasmo único na sua forma de transmitir conhecimento que, levado à sua didática de sala de aula, embutia sofisticadamente um sentido de nos manter crédulos no jornalismo e, essencialmente, na sua capacidade de interferir positivamente na vida das pessoas. Terei muito saudade do seu exagero sadio no elogio e de sua desconcertante sinceridade na crítica" Guálter George, editor executivo de Conjuntura do O POVO, ex-aluno, fã e amigo de Agostinho

"Agostinho é voz que aparece na minha cabeça a cada dúvida diária sobre o que o jornalismo permite. Ético, crítico, exemplo. Um mestre na essência. Lição a cada conversa. Em sala de aula, ler o jornal do dia com ele era aprender sobre cidadania e sociedade - e tudo isso de uma forma direta, sem rodeios, como o jornalismo pede. E que amor pelo jornalismo! Seu amor pela profissão contagiava. Qualquer jornalista que foi aluno de Agostinho Gósson é mais apaixonado pelo jornalismo por ter sido aluno  de Agostinho Gósson. Que honra ter tido textos meus corrigidos e analisados por você, professor. Ter ouvido seus gritos e seus puxões de orelha - sempre ricos de preocupação com a formação de jornalistas humanos, corretos e críticos - me fizeram uma profissional mais consciente do que é ser jornalista. Do que é ser humana. Obrigada, mestre" Mariana Lazari, editora adjunta de Cotidiano do O POVO e ex-aluna de Agostinho 

Redação O POVO Online

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