Depoimento de testemunha da morte de modelo contradiz versão da Polícia
A jovem confirma que Renílson Araújo seria o autor do disparo, mas não o alvo do soco na briga que antecedeu o assassinato de Jhonny Moura. Outro amigo da vítima afirma que o suspeito esteve envolvido na briga
Atualizada às 13h47min
Depoimento de testemunha do crime que vitimou o modelo Jhonny Moura, 22, contradiz a conclusão apresentada nesta terça-feira, 29, pela Polícia Civil de que o suspeito Renílson Garcia Araújo Lima, 27, seria o mesmo a ter sido agredido na confusão anterior ao assassinato. A jovem, que pediu para ter a identidade preservada, afirma ter certeza de que Renílson seja o autor do disparo, mas, diferente da versão apresentada por Renílson, não seria o agente penitenciário o alvo do soco na briga ainda dentro da festa, no bairro Dunas.
Para O POVO Online, a jovem diz ter repetido a mesma versão em depoimento à Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). “Quem fez o disparo, eu não tenho dúvida, até porque saí correndo atrás dele, foi o Nil (Renílson). Mas na briga lá dentro, o Nil estava próximo de um rapaz alto, branco, de barba rala e foi esse rapaz quem levou o soco na briga. Tentando separar, a namorada dele (do Jhonny) caiu no chão e eu saí correndo pra avisar na recepção o que havia acontecido. Quando voltei um minuto depois, o Nil estava empurrando o cara, balançando a cabeça e olhando pro Jhonny, provocando”, relata.
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Conforme o relato da jovem, cerca de meia-hora depois, o grupo de amigos se despediu e seguiram para o carro. “O Jhonny tinha o costume de baixar o vidro pra ajudar a namorada a manobrar. O Nil segurou a cabeça do Jhonny. Na hora, só tive reação de correr e ver a direção que ele ia”, relembra.
Ela conta ainda que um homem ajudou na fuga de Renílson. “Tinha outra pessoa com o Nil e foi essa pessoa que deu fuga”, afirma.
Procurada pelo O POVO Online, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) por meio de assessoria de imprensa, reiterou que o caso está elucidado, baseado em testemunhas oculares, na apreensão da arma e na confissão de Renílson, e descartou a possibilidade de um mandante envolvido no crime.
Outra versão
Sem estar presente na festa, o amigo Adriano Caetano, promotor de eventos, amigo de Johnny, diz acreditar que Renílson teria levado o soco de Jhonny. Adriano confirma que suspeito e vítima tinham amigos em comum.
"Realmente houve rumores, mas a pessoa que levou o murro foi a mesma pessoa que disparou o tiro, inclusive eu conheço ele", afirma Adriano, contando que Renílson esteve presente em sua festa de aniversário deste ano e que ele era uma pessoa muito calada, pacata. "Ele não falava muito, mas quando bebia se transformava", complementa.
Em versão apresentada pela Polícia, Renílson teria atirado em Johnny, por achar que, ao abrir a janela do carro em que estava, o modelo iria retomar a briga, mas Adriano rebate a versão do agente penitenciário.
"O Johnny estava no banco do passageiro e não tinha como esboçar reação com cinto de segurança. Ele estava dentro do carro com a porta fechada. Foi uma coisa tão bárbara que, mesmo que ele tivesse descido do carro, não era necessário disparar uma pistola 380", ressalta. (Colaborou Thadeu Braga)