PUBLICIDADE
Notícias

Delegados denunciam intimidação de PMs contra voz de prisão a soldado do Ronda

Pronunciamento foi feito em coletiva de imprensa nesta terça-feira, 29, na sede da Adepol

15:13 | 29/12/2015

Representantes da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Ceará (Adepol-CE) se pronunciaram sobre o desentendimento entre um delegado e um soldado do Ronda do Quarteirão, ocorrido em Caucaia, no último sábado, 26, após a apreensão de um paredão de som.

O conflito teria iniciado no dia anterior, 25, com a circulação de um vídeo nas redes sociais. A filmagem denunciava a falta de profissionais para atender as ocorrências na Delegacia Metropolitana de Caucaia. A suspeita é de que o vídeo tenha sido produzido pelo soldado, identificado como Júnior. O representante da Adepol, delegado Dionísio Amaral, alegou que o vídeo é falso porque na hora havia dois delegados no local, identificados como Aila e Aroldo Mendes. As câmeras de segurança podem comprovar esta versão, segundo Amaral. Ainda segundo ele, no momento da gravação, o soldado teria desacatado a delegada.

 

No sábado, 26, o soldado retornou à delegacia com a ocorrência de apreensão de um paredão de som e acusou o delegado plantonista de se negar a prender o homem levado à delegacia por poluição sonora. O PM recebeu voz de prisão em seguida por não esclarecer a detenção e alterar-se no local, de acordo com Dionísio Amaral.

 

“Para que haja uma apreensão por poluição sonora, é necessário um medidor de decibéis ou uma denúcia de cidadão, e isso não constava no relatório. O que o delegado fez foi pedir uma testemunha do povo”, afirma Dionísio.

 

O soldado teria se alterado e se negado a prestar depoimento. Na ocasião, ele teve o celular apreendido para investigação e recebeu voz de prisão. “Quando isso ocorreu, diversas viaturas se amotinaram na delegacia, houve aglomeração e coerção por parte de policiais militares que retiraram ilegalmente as viaturas das áreas de trabalho”, afirma o delegado Dionísio.


Segundo ele, o soldado Júnior foi “retirado” da delegacia pelo major identificado como Ricardo Oliveira, e segue operando normalmente no serviço militar. As investigações sobre o caso estão sendo feitas pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Estado do Ceará (CGD).

De acordo com a Associação de Cabos e Soldados do Corpo de Bombeiros e Polícia Militar do Ceará, as acusações do soldado Júnior contra o delegado são de abuso de autoridade. A assessoria da ACMCE informou que foi disponibilizado advogado para tratar o caso e afirma ainda que não há registro de que os policiais que estiveram na delegacia, em apoio ao colega de farda, no sábado, abandonaram postos de trabalho.

Paredão
No dia 26, sábado, a polícia teria sido acionada para retirar um equipamento de som que estava tocando com volume alto, em frente ao Hospital Municipal de Caucaia. No entanto, Pedro Viana, presidente da Adepol, afirma que não há nenhuma denúncia registrada na Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops). O que teria motivado o pedido de investigação feito pelo delegado Átila, plantonista no local.

De acordo com Dionísio Amaral, a suspeita é de que há motivação política para a apreensão do som. “A hipótese é de que o equipamento estava sendo usado para o bingo de um vereador da oposição de um político do município, que é irmão do major comandante da tropa”. Eles alegam ainda, que existem depoimentos que dizem que o equipamento estaria desligado e não haveria a necessidade de duas viaturas no local. Ainda assim, foi feito o Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO) para a apreensão do som.

“Além de esclarecer os fatos ocorridos, o que nós queremos aqui é solicitar as devidas providências da CGD para que por conta da ação isolada, as instituições não entrem em crise”, afirma o delegado Dionísio Amaral.

 

Redação  O POVO Online

 

TAGS