A jornalista do O POVO, Kelly Hekally, teve acesso nesta quarta-feira, 25, as fotos que ela mesmo bateu minutos antes de ser atropelada por um ônibus na avenida Domingos Olímpio, enquanto trafegava de bicicleta. Segundo o relato dela aos familiares e ao advogado, o condutor que a atropelou já teria praticado ato semelhante contra a repórter no trânsito de Fortaleza. Uma das fotografias registrada pela repórter mostra o rosto do condutor, enquanto a outra identifica a placa e a numeração do veículo.

De acordo com o irmão de Kelly, Hans Fontenele, que visitou a irmã nesta tarde, a jornalista disse que o motorista a trancou em uma via, "dias atrás", sem especificar quando e onde aconteceu. "Ela me falou, quando viu a foto, que reconheceu o motorista de outro dia. A Kelly lembrou que, outra vez, ele já tinha trancado ela, mas não entrou em detalhes", comentou Hans.
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O advogado de Kelly, Celso Sakuraba, não trata o caso como acidente, mas como um ato criminoso e intencional. Para ele, o motorista do ônibus já pode ter cometido o mesmo ato mais de uma vez contra a repórter. "Ela vai sempre pela mesma rota, no mesmo horário. Esta situação já pode ter sido forçada por ele (o motorista) e acontecido várias vezes", afirmou Celso.

Nesta quinta-feira, 26, Celso irá ao 34º Distrito Policial (DP) solicitar a instauração de um inquérito policial. O advogado já havia adiantado ao O POVO Online que vai exigir aos órgãos competentes que o motorista seja processado na esfera criminal.

Kelly é repórter do Núcleo de Conteúdo e Negócio do O POVO e participa da associação Ciclovida, que discute mobilidade urbana e uso da bicicleta em Fortaleza.

Estado de saúde
Apesar da previsão para esta quarta da saída de Kelly da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a jornalista ainda continua no local por precaução. Segundo o irmão, deve-se a um pequeno edema detectado na tomografia, mas que o estado de saúde da irmã e "totalmente" estável. "Não é nada preocupante. Ela só vai sair quando o edema sumir totalmente", informou Hans.

Kelly apresentou melhor nesta terça e já está conversando normalmente e movimentando todos os membros, conforme familiares. No atropelamento, a repórter caiu da bicicleta e bateu a cabeça no chão. No hospital, foi diagnosticado que ela sofreu um traumatismo crânio-encefálico.

Atropelamento
Segundo relato do estudante e também ciclista, Piero Barbacovi, que presenciou e socorreu a repórter, Kelly trafegava pela avenida Domingos Olímpio quando um motorista de ônibus teria jogado o veículo em sua direção de forma proposital.

“Ela estava pedalando na avenida quando foi fechada por um ônibus próximo ao colégio Lourenço Filho. Depois disso, ela resolveu descer da bicicleta para tirar uma foto da placa para realizar uma denúncia da irregularidade. Quando ela tirou a fotografia, o motorista ficou com raiva e jogou o veículo em cima dela”, relatou Piero.

Sindjorce
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) repudiou a atitude do motorista de ônibus que atropelou a jornalista e manifestou solidariedade à repórter e a todos os ciclistas "desrespeitados diariamente no seu direito de ir e vir em Fortaleza".