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Artistas se reúnem com secretário da Cultura; ocupação continua

De acordo com integrante do movimento, artistas permanecerão reunidos no prédio da Secultfor até que o prefeito sinalize diálogo ou atenda demandas reivindicadas

16:04 | 19/10/2015
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Atualizada às 19h35min

Artistas que ocupam há seis dias o prédio da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) se reuniram na tarde desta segunda-feira, 19, com o secretário de cultura do Município, Magela Lima. Na ocasião, os ocupantes entregaram uma carta de contraproposta na qual exigem valor de R$ 4 milhões para o edital das Artes de 2015.

Para membros do Fórum de Linguagens, do Conselho Municipal de Política Cultural, o valor proposto pela prefeitura - R$ 1 milhão - para o Edital é pequeno para contemplar 13 linguagens artísticas. Em 2011, o orçamento era de R$ 2,92 milhões.

Segundo o ator Ari Areia, do Fórum Cearense de Teatro, o documento foi levado para o gabinete do prefeito Roberto Cláudio para ser analisado. O prazo para análise, porém, não chegou a ser determinado. No momento, cerca de 50 pessoas ocupam o lugar e acompanham uma programação musical.

A classe artística exige ainda a institucionalização do Edital, a efetivação de um fundo municipal de Cultura e solicita que a prefeitura lance um valor mínimo de R$ 6 milhões para o edital do ano que vem, até o mês de março.

De acordo com a coreógrafa Valéria Pinheiro, a prefeitura tem condições para revisar valores e realocar verba para a pasta, mas há "falta de vontade política".
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Protesto não

Os manifestantes reclamam ainda a presença do prefeito para que um acordo seja firmado. Caso as demandas não sejam atendidas, afirma Valéria, a ocupação continuará de forma "ética, pacífica e balizada em formas legais".

"Protestar é uma palavra que não nos cabe. Estamos fazendo reivindicações e querendo fortificar a pasta, não protestar. Esta ocupação é resultado de uma deliberação democrática entre os artistas. Inclusive, convocamos a cidade de Fortaleza para fazer parte", ressalta.

Ainda conforme Valéria, a prefeitura chegou a propôr que os manifestantes desocupassem o prédio da Secultfor, com a garantia de que em 15 dias o Edital seria institucionalizado, mas a promessa foi posta em dúvida.
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"Quem garante que a desocupação vai nos dar acesso ao prefeito?" questiona a coreógrafa, que diz ainda lamentar a suspensão das atividades administrativas na sede da secretaria, iniciada nesta segunda. "Ficamos tristes e também sabemos que estamos em um prédio tombado. Mas temos cuidado com o espaço, sequer subimos o degrau do segundo andar", declara a atriz.

Para ela, "a luta é maior que o Edital", pois o movimento também reivindica cuidado com equipamentos culturais da Cidade, como a Biblioteca Pública Municipal Dolor Barreira e o Teatro São José, que "seguem abandonados".  

"Vamos sair, mas pacificamente. Não somos entulho, não vamos ser retirados. Somos artistas, trabalhadores, precisamos pelo menos de uma sinalização de diálogo", complementa.

Secultfor

A Secultfor, por meio de sua assessoria, afirma que foi necessária a transferência dos funcionários para outro prédio por falta de condições para trabalhar, pois em alguns momentos a sede da secretaria recebia muitas pessoas, quando não ecoavam sons, como batuques.

Ao mesmo tempo em que reconhece se tratar de uma manifestação pacífica, a Secultfor explica que também nunca houve intenção por parte da prefeitura de retirar os ocupantes utilizando a violência.

"O secretário entende a necessidade do edital e reconheceu que o valor não é ideal, mas estamos abertos ao diálogo. O embate ocorre, pois estamos em uma mesa de negociação", explica a assessoria.

"Militância partidária"

Durante entrevista coletiva realizada na tarde desta segunda, o prefeito Roberto Cláudio afirmou estar surpreso com a ocupação e que o ato tem carga de “militância fortemente partidária”, ligada a um partido que faz oposição ao seu governo.

Lígia Costa, especial para O POVO Online
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