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Médicos de cooperativa paralisam atendimento obstétrico no Hospital da Mulher

Unidade está funcionando com ginecologistas e obstetras efetivados, conforme a direção. O subsídio de uma média de 18 médicos cooperados está atrasado. Eles não atendem desde segunda-feira

15:19 | 06/08/2015
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Cerca de 18 médicos da Cooperativa Ginecologistas Obstetras do Ceará (Coopego) paralisaram há quatro dias o atendimento no Hospital da Mulher, em Fortaleza, exigindo o pagamento de dois meses de salários atrasados. O atendimento é mantido por 22 médicos efetivados, que se revezam em escala, conforme a direção. A Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) disse que o pagamento deve ser feito na próxima semana.

Segundo Jáder Carvalho, presidente da Coopego, os médicos foram contratados pela Sesa, mas por meio de convênio com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) foram remanejados do Hospital Geral Dr. César Cals para a unidade. "O César Cals precisava encaminhar os pacientes com quadros menos graves, aquelas que teriam parto normal e não têm gravidez de risco. Esse contrato foi assinado no dia 4 de julho de 2014, mas desde maio os profissionais não foram pagos", explicou.

Jáder destacou que há médicos trabalhando em outras unidades, mas apenas os do Hospital da Mulher ficaram sem receber, e por isso a cooperativa decidiu paralisar as atividades na unidade. "Aceitamos esse convênio porque entendemos que as pacientes devem ser atendidas com qualidade, o que era mais difícil no César Cals devido à superlotação. Lá, ficariam as pacientes com quadro mais graves, como má formação fetal. Procuramos o Estado e o Município sobre a questão salarial, mas como todo trabalhador nós esperamos receber os pagamentos, os profissionais têm seus compromissos familiares", frisou.
[SAIBAMAIS3]
A paralisação foi deflagrada nessa segunda-feira, 3, mas o atendimento está sendo suprido pelos servidores, que estão fazendo hora-extra, conforme a direção executiva do Hospital da Mulher. "Os servidores estão em maior número e possuem cargas horárias superiores aos cooperados, que na maioria das vezes fazem apenas um plantão. Estive em reunião nessa tarde com o secretario da saúde do Estado [Henrique Javi] e queremos que a questão seja resolvida o mais rápido possível", defendeu Francisco Alencar, diretor executivo do hospital e coordenador dos Hospitais de Fortaleza e Unidades Epecializadas da SMS.

O POVO Online esteve no Hospital da Mulher durante a manhã. A equipe foi impedida de entrar na unidade de saúde. Pelo que foi possível constatar, no entanto, o atendimento parecia estar normal, com algumas consultas ginecológicas marcadas para o período da tarde. Muitos funcionários não estavam sabendo da paralisação, como a técnica de enfermagem ambulatorial Raquel Brito, 20 anos. "Ontem (quarta-feira) tivemos parto normal. Mas é porque aqui não é lotado, as pacientes estão agendadas. Se não tiver vaga, elas nem são encaminhadas para nós".

Em julho, foram realizados 178 partos, 45 curetagens e 860 consultas ginecológicas na unidade. A média mensal de cooperados na obstetrícia é de 18 profissionais, quase o mesmo número de servidores. Os dados são da direção do Hospital da Mulher. “Nós lançamos nosso repúdio à Prefeitura, sabemos que o certo é a realização de concurso público. Lançaram um edital recentemente, mas mesmo ciente da carência de obstetras nos hospitais não contemplam essas especializações. Em maio, a Coopego deu 90 plantões de 12 horas no Hospital da Mulher”, completou Jáder.
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