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Leite para crianças com mães soropositivas no Ceará segue em falta

Oito dias após a promessa da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará de que o "fornecimento seria restabelecido esta semana", o leite segue em falta nos hospitais

14:33 | 24/07/2015

Atualizada Às 18h 34 min 

Os hospitais da rede municipal, estadual e federal de saúde ainda estão esperando o repasse da fórmula láctea específica para crianças de até seis meses cujas mães são soropositivas. O coordenador da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids no Ceará, Vando Oliveira, afirma que a resposta recebida nesta sexta-feira, 24, é a mesma de há oito dias atrás, quando O POVO publicou matéria sobre o caso: não há prazos definidos.

"(Representantes da Secretaria da Saúde do Estado Ceará - Sesa) Falam que o pedido da substância foi feito em caráter de urgência, mas nenhuma data é concretizada. São as mesma desculpas de sempre, cheias de burocracias que não se justificam devido à gravidade do problema", explicou Vando ao O POVO Online. O número total das crianças desassistidas ainda não é conhecido, mas o coordenador diz que, somente no Hospital Regional de Messejana, são 34.

"O número é bem maior no Hospital Geral de Fortaleza e Gonzaguinha daqui. Em maio, a unidade de Messejana recebeu do município 260 latas de leite, mas essa quantidade não deu nem para um mês", relatou Vando.

Procurada pelo O POVO Online, a Sesa, por meio de nota, informou que "os hospitais da rede estadual participantes do Projeto Nascer – Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC) e Hospital Geral de Fortaleza (HGF) – estão atendendo normalmente as mães soropositivas e fornecendo a fórmula láctea para os seus bebês".

A nota, não detalha, no entanto, a situação dos demais hospitais da rede estadual (Hospital Região Norte - HRN -de Sobral e Hospital Regional de Maracanaú), federal (Maternidade-Escola Assis Chateaubriand -Meac) e municipal (Hospital Distrital Gonzaga Mota Messejana) em que o leite também estaria em falta e cujo repasse é de responsabilidade estadual.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirmou por meio de sua assessoria, que "enquanto a situação de repasse do Estado não é regularizada, o município irá arcar com com a compra do produto, para que as crianças não fiquem desassistidas nas cinco maternidades da rede municipal". Ainda de acordo com a assessoria, a compra já foi autorizada, empenhada e aguarda a entrega pelo fornecedor até a proxima semana.

Riscos para as crianças

Segundo Robério Leite, infectologista e professor adjunto na Universidade Federal do Ceará (UFC), o leite materno no caso de mães soropositiva leva alto risco de contaminação das crianças, fazendo com que seja imprescindível a ingestão de uma fórmula infantil adequada, como a que está em falta nos hospitais.

"O ideal é que a criança que não pode ser amamentada receba essa fórmula até os 12 primeiros meses. A ingestão de leite de vaca pode induzir problemas como anemia. E a introdução de outros alimentos antes dos seis meses pode levar a distúrbios nutricionais, favorecendo ou a obesidade ou a desnutrição'', enumerou.

O repasse deve ser feito na unidade de saúde em que a criança nasceu e é determinado por portaria do Ministério da Saúde (MS) que destina verba ao Estado para compra do leite

Redação O POVO Online
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