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Chargista do O POVO é atacado nas redes sociais

Ilustração mostrando o linchamento de uma pessoa dividiu opiniões de internautas contra e à favor da agressão física. O POVO se posiciona contra comentários ofensivos

10:30 | 12/07/2015
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Uma charge de Rafael Limaverde, publicada no jornal O POVO, na última quinta-feira, 9, gerou reações agressivas de usuários nas redes sociais. O desenho mostra um diálogo entre duas pessoas, que observam o linchamento do suspeito de um crime. Na conversa, um dos homens afirma: “Eita!!! Um SUSPEITO apanhando!” e o outro completa: “... e um bando de ASSASSINOS batendo”.

Após a repercussão da ilustração no Facebook e Instagram, Rafael disse que foi "virtualmente linchado". "O desejo de vingança e os desmandos de uma Polícia e justiça inoperantes tem provocado um sentimento perigoso em nossa sociedade, onde matar passa a ser legítimo", avaliou.
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A imagem faz referência ao linchamento ocorrido na segunda-feira, 6, em São Luís, no Maranhão, que deixou morto o homem identificado como Cleidenilson Pereira da Silva, de 29 anos. Ele não tinha passagem pela Polícia e foi agredido junto com um adolescente de 17 anos, após suposta tentativa de assalto em um bar.

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios de São Luís, e o delegado responsável, Cláudio Santos Barros, afirmou que algumas pessoas que participaram do ato já foram identificadas e podem ser indiciadas. ''Todos os que forem identificados no vídeo serão convocados a comparecer à delegacia na próxima semana, seja para prestar depoimento ou para possíveis sessões de reconhecimento'', disse, em entrevista ao jornal Extra.

"Não quer ser linchado, não vá roubar, matar, estuprar", dizia um dos comentários contrários à chage. Outros internautas endossaram o linchamento, com frases como "tem que matar mesmo" e "eu bateria do mesmo jeito". Para o sociólogo Geovani Jacó, coordenador do Laboratório de Estudos da Conflitualidade e da Violência (Covio) da Universidade Estadual do Ceará (Uece), os ataques em redes sociais são um reflexo da dinâmica social atual.

“Na mesma proporção que o debate dos direitos sociais e questões de gênero avança, aumenta a exposição de reações contrárias, refletindo o conservadorismo de parte da sociedade”, explicou ao O POVO Online. Jacó citou ainda outros acontecimentos que fizeram aflorar comentários agressivos, como o atropelamento de estudantes em uma manifestação contra os cortes do Governo Federal na educação.

“O motorista deliberadamente avançou contra os alunos, mas quando fui ver no Facebook o vídeo, tinham inúmeras pessoas apoiando esse ato. Gente dizendo que passaria por cima também, chamando os alunos de vagabundos”, relatou. O professor levantou a questão dos crimes cibernéticos, que aos poucos, tentam coibir e punir os responsáveis por comentários racistas e preconceituosos na Internet.

“No caso da jornalista Maria Júlio Coutinho, há uma investigação em andamento, porque o racismo já é crime. É preciso avaliar quando a opinião extrapola e se transforma em uma agressão, é uma linha tênue”, avaliou o sociólogo. “Tempos tenebrosos virão. Mas sigamos juntos, com poesia. Pois só ela salva”, completou Rafael.

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