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Ceará: risco de homicídio contra jovem negro é quatro vezes maior

De acordo com a pesquisa, a prevalência de jovens negros serem mais vítimas de assassinatos do que jovens brancos é uma tendência nacional

15:48 | 07/05/2015
O Ceará recebeu destaque negativo no relatório Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial ao ficar entre as quatro primeiras regiões mais vulneráveis à violência entre jovens. A pesquisa aponta que o jovem negro tem o risco de ser vítima de homicídio quatro vezes maior do que o jovem branco, no Estado. Os dados do estudo são de 2012.

A pesquisa classifica as 27 unidades da federação de acordo com a vulnerabilidade à violência dos jovens e incorpora na dimensão da violência entre jovens um indicador de desigualdade racial. De acordo com a pesquisa, o indicador é expresso pela razão entre a taxa de mortalidade violenta de jovens negros e a mortalidade de jovens brancos. Os valores mais próximos a 1 indicam maior proximidade da prevalência dessa mortalidade entre esses dois segmentos, independente da cor.

O Ceará ficou na quarta posição na escala da pesquisa de Violência e Desigualdade Social com o índice de 0,502. Os três primeiros são: Alagoas (0,608), Paraíba (0,517) e Pernambuco (0,506).

A pesquisa também fez um levantamento com destaque para o maior risco de mortalidade por homicídio entre jovens negros do que brancos. Nesta situação, o Ceará apresenta o índice de risco relativo de 4,01, ficando atrás da Paraíba (13,4), do Pernambuco (11,6), de Alagoas (8,7), do Distrito Federal (6,5), Espírito Santo (5,9) e de Sergipe (4,2).

De acordo com a pesquisa, a prevalência de jovens negros serem mais vítimas de assassinatos do que jovens brancos é uma tendência nacional: em média, jovens negros têm 2,5 mais chances de morrer do que jovens brancos no país. Chama a atenção no relatório o caso do Paraná, que se destaca como o único em que o risco de um jovem negro ser assassinado é inferior ao de um jovem branco.

Estudo

O relatório afirma que a cor da pele dos jovens está diretamente relacionada ao risco de exposição à violência a que estão submetidos. O novo índice foi calculado com base em cinco categorias: mortalidade por homicídios, mortalidade por acidentes de trânsito, frequência à escola e situação de emprego, pobreza no município e desigualdade. Os dados são de 2012.

O universo da pesquisa corresponde a todos os municípios do Brasil que, em 2012, possuíam mais de 100 mil habitantes, correspondendo a 288 localidades, com aproximadamente 107 milhões de habitantes. A categoria “negros”, foi formada pelas categorias “pretos” e “pardos” e a categoria “brancos” é formada por “brancos” e “amarelos”.

Entre esses municípios, 24 localizavam-se na região Norte, 59 no Nordeste, 139 no Sudeste, 48 no Sul e 18 no Centro-Oeste. Os componentes do Indicador de vulnerabilidade Juvenil à violência referem-se à faixa etária de 12 a 29 anos, segundo definição do Ministério da Justiça.
De acordo com a pesquisa, ao estabelecer como segmento-alvo adolescentes e jovens, é necessário que as variáveis componentes do indicador expressem as diferentes situações de vulnerabilidade à violência que atingem esses grupos. Assim, enquanto entre jovens de 15 a 29 anos o desemprego ou formas precárias de inserção no mercado de trabalho podem contribuir para sua vulnerabilidade à violência, para adolescentes com menos de 14 anos o mais importante é a condição de frequência à escola.

A pesquisa foi realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança e Pública, com o apoio da Unesco e da Secretaria Nacional da Juventude, do Governo Federal.
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