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Seu Lunga detestava futebol e qualquer modalidade esportiva

Joaquim dos Santos Rodrigues contou, em entrevista ao O POVO no ano de 2007, toda a explicação por trás de suas reservas com modalidades esportivas
11:15 | Nov. 24, 2014
Autor O POVO
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Tipo Notícia
Personagem do folclore cearense, Seu Lunga foi enterrado em Juazeiro do Norte, no último domingo, 23. Ele estava internado no Hospital São Vicente de Paulo, em Barbalha, onde tratava de um câncer de esôfago a teve complicações no sistema digestivo. Em entrevista ao O POVO, ele contou que detestava futebol, basquete ou qualquer modalidade esportiva.

Seu Lunga detesta futebol, basquete, corrida de cavalos, sinuca, baralho, parou-ímpar, qualquer forma de jogo ou modalidade esportiva. “Se fosse por mim, jogo não existia. É uma coisa que não ajuda em nada no crescimento do Brasil”, limitou-se a dizer ao repórter Ciro Câmara, em 2007.

Confira trechos da reportagem, na íntegra:

É que, além da explicação “sociológica”, muito do desprezo que Seu Lunga reserva aos esportes vem de uma experiência traumática que ele viveu na primeira e única vez em que pisou num estádio de futebol, em Juazeiro do Norte, em 1949. “Assim que eu cheguei no jogo, a polícia prendeu logo um rapaz lá, num sei o porquê. Depois veio pra cima da gente (dele e de um amigo) um bando de tijolo que o povo ficou jogando na polícia. Daí a gente voltou para casa e com isso eu nunca mais pisei num jogo”, contou. “Aquilo lá não é coisa de gente séria”, desmereceu.

[SAIBAMAIS 2] E não adiantou nem tentar contrapor. “Mas, Seu Lunga, o esporte para muitas pessoas é uma atividade boa, que serve como um lazer”, questionou o repórter. “Homem, eu já não falei que eu não gosto de jogo? Eu sou contra jogo. Todo jogo é ruim. Aonde tem jogo falta respeito, falta moral, falta dignidade”, enumera.

Por fim, convencidos de que o personagem não suporta qualquer atividade lúdico-esportiva, a reportagem tentou enveredar por outros assuntos. O primeiro foi o futuro dos negócios de Seu Lunga, que mantém um misto de venda e oficina no Centro de Juazeiro do Norte. “Seu Lunga, o senhor pretende manter a sua loja funcionando até quando?”, perguntou. “Até a minha morte. Nunca vi morto trabalhando”, mandou na bucha.

O repórter-fotográfico Natinho Rodrigues teve a ousadia de questionar quem era a mulher ao lado de Seu Lunga numa foto que ele mantém na oficina. “E quem é essa aqui do lado do senhor na foto?”. “É uma onça”, respondeu. “Onça? Mas não é uma mulher não?”, rebateu Natinho. “Não. É uma onça, tá vendo não aí, toda cheia de pintinha preta”, disparou Seu Lunga. “É que eu não gosto de pergunta besta”, finalizou.

Redação O POVO Online

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