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O POVO Online provou opção de arroz e feijão do McDonald's

Se para o público a opção de arroz e feijão do fast food causa estranhamento, o espanto dos funcionários com o pedido não é menor. O POVO Online questionou pelo prato duas vezes na última sexta-feira, 16, e nas duas ocasiões a reação dos atendentes foi de constrangimento e risos
15:20 | Mai. 18, 2014
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Tipo Notícia
Quando li que o McDonald’s estava servindo o arroz com feijão, opção mais “brasileira”, a curiosidade foi imediata. “Será que presta?”, pensei. A dúvida era se assim como nos sanduíches existiria aquele gostinho industrial, que convenhamos, é bem viciante. A repercussão após a divulgação na imprensa foi grande, mas o que apurei é que muita gente ainda não está sabendo do “item secreto”.

Na primeira tentativa, a atendente do McDonald’s da Santos Dumont, em Fortaleza, teve que recorrer à gerência para saber se poderia servir o prato. À noite, dessa vez com a missão de provar o item secreto, outra funcionária também não sabia como registrar a refeição na nota. Quando saí com o prato de arroz, feijão, salada e suco, em mãos, os olhares dos demais clientes foram de divertimento.

Embora o diretor da rede de fast food afirme que o arroz e feijão é preparado nos restaurantes, a redação achou o arroz com gosto de pré-cozido. A refeição ficou pronta em vinte minutos desde o pedido, isso em uma noite mais ou menos movimentada, com fila considerada média. O prato da sexta acompanhou a carne de frango, que é a mesma servida nos sanduíches. O feijão é de qualidade média, mas não seria minha opção em meio aos restaurantes especializados em comida de panela (ou mesmo da minha casa). O prato ganha mesmo pela salada, já conhecida do McDonald’s, que é farta e traz os tomates bolas pequenos.

[SAIBAMAIS 1] A maçã que vem de sobremesa é gostosa, porém não é suficiente para um adulto. Os pedacinhos que vem no saco parecem ser de uma quarto de uma maçã inteira, no mínimo. O que eu percebi (e notava antes também), tanto na salada como nas frutas do restaurante, é que não são muitos ‘’naturais’’. Nenhum tomate, alface ou maçã tem uma aparência tão perfeita como aquela. Acho até que se a experiência de colocar o lanche por meses no ar livre ocorresse também com as frutas e legumes, a salada demoraria algum tempo para desintegrar.

Se é para gastar R$23 com arroz e feijão é melhor ficar em casa. Pelo mesmo preço dá pra comer bem em qualquer self-service (se você não comer muito mais do que 400g como eu), com uma carne melhor. A do Mc, mesmo sendo muito boa no sanduíche, não combinou muito com arroz e feijão. Ficou a sensação de que fritei uma carne de hambúrguer, em casa, para um almoço fraco, naquele dia de preguiça. Agora se você não quer ter trabalho de fazer uma salada, pode até pedir a da rede. Mas realmente eles estão certos em não divulgar o prato, porque McDonald’s é lugar para comer hambúrguer, e claro, cientes de que não estamos comendo a coisa mais saudável do mundo.

Os consumidores
Para a digitadora Fernanda Costa, que comia a opção tradicional de sanduíche com refrigerante ao meu lado, a refeição é interessante. “Realmente, é uma verdadeira refeição. Eles deviam divulgar, pois é mais saudável. Só espero que não seja mais caro, comentou”. O prato que vem com salada de tomate, ervilha, milho, alface, cenoura, além de feijão, arroz, carne do dia e fruta, é acompanhado de um suco de 500 ml e custa R$ 23,00.

A sobrinha de Fernanda, Lara Moraes, de apenas 9 anos, comparou a não divulgação da refeição com uma situação vivida na escola. “É que nem no meu colégio, que não sabiam que tinha suco de manga”, diz. Segundo a diretor de comunicação da empresa, Hélio Muniz, o prato não é e nem deve ser divulgado. “Não faz parte da estratégia de marketing, ele realmente é dos nossos funcionários, mas os clientes têm o direito de conhecê-lo e prová-lo”, completa.

O PF
Os pratos, inicialmente servidos apenas para os funcionários, estão disponíveis para o público desde 2010 nos restaurantes próprios da rede, conforme Hélio. A reportagem da “Bloomberg” foi a primeira a divulgar o item secreto na imprensa brasileira, na última semana. O fast food, de acordo com a agencia de notícias, passou a fornecer o prato depois que os funcionários rejeitaram o cardápio regular de hambúrgueres e batata frita, fazendo uma denúncia ao Ministério Público do Trabalho.

Em 2012, um termo de ajuste de conduta com o Ministério Público do Trabalho exigiu que a operadora Arcos Dourados, controladora dos restaurantes da rede no Brasil e na América Latina, fornecesse refeições tradicionais sem custo a seus funcionários para solicitar a redução do imposto de renda. A refeição é elaborada de acordo com os critérios do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), que regula o fornecimento de refeições aos funcionários de empresas.

Muniz informa que o prato com arroz e feijão está disponível somente nas lojas próprias das rede, que correspondem a 83 dos 816 restaurantes da marca no País. Os franqueados podem vender, mas não é algo obrigatório. O POVO Online entrou em contato com sete lojas da rede em Fortaleza. Apenas as localizadas no shopping Metrô, no Centro, e no shopping Benfica disseram que não possuíam a refeição.

As lojas da Santos Dumont, Oswaldo Cruz, shopping Del Paseo, shopping Benfica, North Shopping e Iguatemi informaram, por telefone, que a opção está disponível. O diretor afirma que a procura ainda é mínima, mesmo depois da repercussão da notícia no Brasil. “A procura acontece mais pelo inusitado”, pontua. O engenheiro mecânico Guilherme Lima, por exemplo, ainda prefere o sanduíche. “É importante ter uma variedade de opções, mas eu ainda vou ficar com o Big Mac”, comenta.

Mundo
O McDonald’s está presente em mais de 100 países. O cardápio local já foi adaptado em vários, como no Egito, com o McKafta. No Japão, existe o Fillet O' Shrimp e em Hong Kong, na China, há o bolo de feijão vermelho. Na Índia, surgiu até o primeiro restaurante vegetariano do McDonald’s, que oferece hambúrgueres sem carne para respeitar a tradição local.

A Arcos Dourados já faturou 4,03 bilhões de dólares em 2013 na América Latina, 6,2% a mais do que em 2012. Somente no Brasil, foram 1,842 bilhão de reais em seus 814 restaurantes, conforme dados divulgados pela Exame.

Amanda Araújo, da Redação O POVO Online
amandaraujo@opovo.com.br

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