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Presidente da Central Única das Favelas narra tentativa de assalto que repercute nas redes sociais

Após ser reconhecido, Preto Zezé das Quadras foi "liberado" e aconselhou os assaltantes

20:00 | 27/05/2013
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O presidente de Central Única das Favelas (CUFA CE), conhecido como Preto Zezé das Quadras, relatou em seu perfil pessoal do Facebook uma tentativa de assalto sofrida na noite deste domingo, 26, no bairro Castelão, que está repercutindo entre os internautas. Com o título “O dia em que fui sorteado na roleta russa da violência de Fortaleza”, o post já tem mais de 300 compartilhamentos e cerca de 370 curtidas.

Preto Zezé, após deixar a mulher em um evento no Castelão, por volta das 19 horas, foi abordado por dois adolescentes armados. O presidente descreveu o diálogo travado quando o assalto foi anunciado, contando que um dos adolescentes deixou a arma a poucos centímetros de sua cabeça.

Com dificuldades para falar no momento da abordagem, Preto lembra que tentou dialogar com os menores, explicando que não possuía armas ou dinheiro. Depois de ser reconhecido por um deles, o assalto parou imediatamente. “Ei macho, dispensa, bora sair fora. Tamu assaltando o Preto Zezé da Cufa”, disse um deles, conforme escrito pelo presidente.

Preto Zezé lembrou que essa não é a primeira vez que isso acontece. “Já ocorreu algumas vezes comigo e outras pessoas da CUFA, mas sempre com a Polícia, e, acreditem, é tenso também”, disse. Os menores foram levados por Preto para comer numa lanchonete da favela, mas, segundo o presidente, fica e reflexão: “Na volta pra casa, vim pensando como é louca essa cadeia alimentar da violência, esses jovens, criminosos, na complexa, dura e contraditória realidade. São na verdade as principais vitimas, pois já chegaram no pior estágio da desumanização, perderam o amor à sua própria vida, logo, não se pode esperar deles amor à vida de ninguém, e, infelizmente já prevejo o final deles: morrer antes dos 24 e passar a vida indo e vindo para a cadeia”.

Para ele, a violência é um problema estrutural. “É importante cuidar dos jovens e adolescentes que estão no crime, temos que evitar que eles entrem no sistema de privação de liberdade ou no sistema penal, senão ele volta pior, vai para as armas, para a morte precoce”, afirma. Preto também reitera que sozinho o governo não dará conta, a missão da sociedade, assim, é contribuir para um ambiente comunitário saudável. “Com projetos sociais eficientes, reduzimos muito a necessidade de medidas repressivas, que geralmente só vão acarretar mais violência, além de desgastar a atividade policial”, explica.

Cufa
A Central Única das Favelas (CUFA) é uma organização reconhecida nacionalmente pelas esferas políticas, sociais, esportivas e culturais. Foi criada a partir da união entre jovens de várias favelas do Rio de Janeiro que buscavam espaços para expressarem suas atitudes e questionamentos.

O Hip Hop é a principal forma de expressão da CUFA, que sobrevive há 20 anos, mesmo sem o apoio da mídia. O estilo musical serve como ferramenta de integração e inclusão social.

De acordo com Preto Zezé, presidente da CUFA CE há dois anos, é papel da entidade trabalhar na vivência e no cotidiano da favela, formando e articulando pessoas para serem protagonistas do seu próprio destino. “A idéia é que não existam mais favelas, quem sabe no futuro seremos a Central da Felicidade? É um sonho, e o sonho é o combustível da mudança”, conclui.

 

Redação O POVO Online

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