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O poder que vem do trançado: jovens empreendedoras apostam no trancismo capilar para valorizar a beleza negra

A ideia de negócio, que surgiu por necessidade, hoje se consolida como ferramenta de empoderamento feminino e geração de renda

Enaltecer e valorizar a beleza preta. Esse foi um dos objetivos que norteou a criação do Estúdio Pró Afro, espaço colaborativo com foco nos cuidados afro, que hoje abriga os sonhos das jovens empreendedoras Nathália Arruda, 23, e Kathleen Alves, 23, no bairro Bonsucesso. Em comum, as sócias dividem o saber do trancismo capilar e viram no segmento uma alternativa de geração de renda, mas não só, também enxergam na técnica milenar uma forma de empoderar outras mulheres.


Na sala de casa, no Morro Santa Teresinha, Nathália perdeu as contas de quantas vezes trançou seu próprio cabelo, mas jamais havia imaginado que daquela habilidade manual poderia surgir um negócio. Foi quando se viu em dificuldade financeira, que a estudante de psicologia percebeu que as tranças poderiam lhe ajudar: desempregada e com despesas da faculdade e do aluguel para arcar, ela conta que começou trançando os cabelos das vizinhas e dos familiares: “realmente o trancismo me tirou da fome, por que a partir daí eu consegui arcar com as minhas despesas numa época tão complicada como essa de desemprego”. Sem muita experiência, ela revela que chegou a cobrar cerca de R$20 por um trabalho que dura até 10 horas pra ser finalizado.

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Também desempregada, Kathleen resolveu aprender o segredo do trançado na internet, mas conta que começar no segmento não foi uma escolha: “desde muito jovem a estética esteve presente na minha vida como meio de sustento da minha família, mais tarde comecei a trançar meus próprios cabelos, quando aprendi comecei a fazer como renda complementar”, relembra. Em 2019, conheceu Nathália, juntas decidiram firmar parceria. A realidade da Nathalia e da Kathleen representa quase metade do perfil do empreendedor negro no Brasil. 43% deles abriram o próprio negócio por necessidade. O dado é do Estudo Empreendedorismo Negro no Brasil de 2019, da PretaHub. As empreendedoras rememoram, inclusive, que encontraram muitas barreiras por serem mulheres negras: “foram pessoas que não nos deram espaço para mostrar nosso trabalho, serviços que não conseguíamos contratar porque não achavam que poderíamos pagar e outras coisas, que só de lembrar dá vertigem”.

O Estúdio Pró Afro abriu em dezembro, no bairro Bonsucesso
O Estúdio Pró Afro abriu em dezembro, no bairro Bonsucesso (Foto: Acervo)


Quando se deram conta, a sala da casa da Nathália já não comportava mais o movimento, foi aí que decidiram dar um passo maior, apostando num espaço físico que desse amplitude para a ideia de negócio crescer. Encontraram um casarão antigo, reformaram e hoje o espaço que abriga o estúdio, abriu as portas também para que outros pequenos empreendedores pudessem ter um espaço para chamar de seu, e já conta com 5 marcas e 3 salas de serviços, que dividindo os custos do aluguel, puderam dar margem ao sonho de ter um negócio, fomentando a economia local e potencializando o poder empreendedor na periferia da capital Alencarina. Do ponto de vista da representatividade, “nós vemos nosso trabalho como necessário e esperamos ser exemplo para todos aqueles que vem de onde viemos, a não desistir dos seus sonhos e seguirem lutando naquilo que acreditam”.

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