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Crise de sucessão adia saída de Falconi

07:10 | 15/01/2019
A data de aposentadoria do consultor mais importante do País foi anunciada há seis anos. Em 2012, Vicente Falconi anunciou que deixaria, em fevereiro de 2019, a empresa que leva seu nome e que ficou famosa por implementar sistemas de metas bem sucedidos tanto no setor privado (a Ambev é a parceira histórica mais conhecida) quanto no público (as metas de gasto de energia para famílias criadas no apagão de 2011 foi um projeto da consultoria). Às vésperas da data marcada, no entanto, já não há mais prazo para a meta ser cumprida. Problemas internos adiaram a saída de Falconi para quando "Deus quiser".

O consultor, de 78 anos, diz que mais de uma crise o levaram a cancelar a aposentadoria. Uma delas foi a morte em 2017 do conselheiro Edson Bueno, fundador da Amil, explica. Outra foi o afastamento, também em 2017, do ex-presidente Mateus Bandeira.

O executivo havia sido contratado para tornar a consultoria conhecida globalmente, além de transformá-la em uma "partnership", nos moldes das grandes consultorias globais, como a McKinsey. Nesse sistema, os consultores seniores viram sócios após análises de seus resultados e, quando chegam a certa idade, vendem sua participação para profissionais mais novos.

A aposentadoria de Falconi incluiria, portanto, seu afastamento completo do conselho de administração e a venda de toda sua participação. Dois anos antes da data de aposentadoria, porém, parte dos sócios da Falconi reclamou dos métodos de Bandeira, tido como autoritário. O executivo acabou deixando a empresa e, na esteira, Falconi voltou a se envolver mais nas decisões da companhia. O consultor destaca que tem atuado apenas no conselho e que essa função deve diminuir.

Procurado, Bandeira não quis se pronunciar.

Segundo a atual presidente, Viviane Martins, em até dois anos a Falconi deverá estar mais azeitada, permitindo que o consultor participe menos das reuniões de conselho. Até lá, a consultoria precisará aperfeiçoar o método de avaliação de funcionários para poder montar um novo plano sucessório. A executiva diz que a transformação da consultoria em uma "partnership" continua, mas sem prazo para conclusão.

Exterior. Além do novo sistema de avaliação dos funcionários, a Falconi tem focado na internacionalização. O projeto de crescer primeiramente nos Estados Unidos - plano de Bandeira - foi colocado de lado. A prioridade passou a ser Canadá e México e, agora, Europa deverá ser fortalecida com a abertura de um escritório - Portugal, Espanha, Bélgica e Holanda estão sendo estudados para receber a unidade, ainda em 2019.

A chegada de Viviane à presidência, em outubro de 2018, evidencia a intenção da Falconi em ampliar a atuação internacional. A executiva trabalhou antes como responsável por grande parte dos projetos no exterior.

Hoje, de acordo com Viviane, cerca de 25% do faturamento já vem do exterior. O objetivo é chegar a 50% em até cinco anos. Fontes próximas à empresa, entretanto, veem esses números com descrédito, dada a dificuldade de competir com grandes nomes do setor, como McKinsey, BCG e Bain.

A maior parte dos clientes internacionais ainda é de companhias que já trabalham com a consultoria no Brasil, mas há algumas empresas que não tinham tido contato com a matriz. "Essas companhias nos procuram, principalmente, pela nossa capacidade de implementação. Em um dos nossos maiores clientes na Europa, entramos para fazer o desdobramento de estratégia criada por outra consultoria", afirma Viviane. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Agência Estado

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