Sinais desencontrados do próximo governo geram volatilidade no mercado do México
Um nome há tempos na política mexicana e candidato a presidente por três vezes, López Obrador teve sucesso na mais recente campanha, vencendo a disputa em turno único. Ele voltou a afirmar em entrevista coletiva que a principal mudança de seu governo será o fim da corrupção. Investidores, porém, já lamentavam que ele tivesse cancelado um projeto multibilionário para a construção de um novo aeroporto nas proximidades da Cidade do México, dizendo que isso era um sinal ruim para a segurança dos investimentos. O projeto de lei do futuro partido governista nesta semana no Senado gerou novo sobressalto.
Antes da negativa do presidente eleito, a Eurasia afirmou em relatório que poderia haver mudanças para os bancos, já que o Morena controla o Senado e também a Câmara. Para o analista Carlos Petersen, da Eurasia, "este é o tipo de ideia intervencionista que surgirá nas próximas semanas ou meses, particularmente após López Obrador chegar ao poder e surgirem novas questões". Petersen expressou ainda o temor de que o futuro governo pressione formal ou informalmente alguns setores econômicos para investir mais agressivamente. Ainda para a Eurasia, o próximo governo deve priorizar mais gastos, não a disciplina fiscal. Carlos Serrano, do BBVA, também destacou em artigo no jornal El Financiero que o quadro fiscal parece se complicar no México, na nova administração.
López Obrador, porém, tentou acalmar os ânimos hoje. Segundo ele, não haverá modificações no marco legal com relação ao funcionamento dos bancos e instituições financeiras em geral, nem tampouco na legislação econômica, financeira e fiscal, nos primeiros três de seus seis anos no poder. Segundo o jornal El Universal, López Obrador insiste que a principal mudança será "acabar com a corrupção".
Na próxima semana, o Banco Central do México se reúne na quinta-feira. Na avaliação do Goldman Sachs, o quadro no país deve levar a instituição a elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto porcentual, para 8,00%, para manter uma política monetária mais restritiva e "vigilante" sobre o quadro no país.
No câmbio, o peso mexicano havia sido bastante penalizado ontem pela notícia sobre a possível reforma bancária. Hoje, ele chegou a subir com mais força após a notícia, depois passou a oscilar. Às 18h25 (de Brasília), o dólar recuava a 20,0967, de 20,1774 no fim da tarde de ontem.
Agência Estado