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Crise financeira deixou marcas no Estado do Rio

08:30 | 13/02/2018
O servidor aposentado perdeu a casa, teve de se mudar para um abrigo público e busca recursos para comprar de volta o anel de formatura que vendeu em troca de comida. Para receber o salário em dia, a bailarina trocou o Theatro Municipal por uma companhia de dança da Áustria, mas ainda quer voltar. A família enterra o estudante baleado, que estava há semanas sem aulas.

A crise financeira que atingiu em cheio o Estado do Rio de Janeiro nos últimos anos deixou muitas marcas.

Sobretudo depois da Olimpíada de 2016, sediada na capital fluminense, o Rio passou a ganhar o noticiário mais pelas escolas fechadas, hospitais com atendimento precário, servidores e aposentados sem receber e falta de recursos suficientes para a segurança pública.

A região metropolitana do Rio teve um aumento de 28% nas ocorrências de tiros em 2017, na comparação com 2016, segundo dados da plataforma colaborativa Fogo Cruzado, que monitora a violência.

Segundo especialistas, a capital fluminense enfrentou durante a recessão sua maior crise de segurança pública em mais de dez anos. Os indicadores de violência se aproximaram do patamar anterior à instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), em 2008.

No pior momento da recessão, viaturas da Polícia Militar chegaram a ficar sem combustível para rodar. Sem alternativa, alguns policiais diziam evitar levar os veículos para patrulhar as ruas, para economizar gasolina. Diante da falta de recursos e para não ficarem expostos, comerciantes se ofereceram para ajudar a pagar as despesas com as viaturas.

A crise também ficou mais visível nas esquinas das cidades. Na metade do ano passado, mais de 14 mil pessoas estavam em situação de rua na cidade do Rio, segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social. Esse número triplicou em três anos. Em 2013, eram cerca de 5.580 e no fim de 2016, mais de 14 mil - um aumento de 156% nesse período, que reflete a queda no nível de emprego e na renda da população.

Com o pior resultado entre os Estados do País, o Rio fechou 92.192 vagas com carteira assinada no ano passado, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.

Entre 2015 e 2017, quase um quinto do total de vagas fechadas em todo o País (2,882 milhões) foram perdidas no Estado. O contingente de empregos formais voltou ao mesmo patamar de 2009, conforme levantamento da Federação das Indústrias do Rio (Firjan) feito a pedido do Estado.

A Secretaria da Fazenda estadual projeta um déficit de R$ 10 bilhões para este ano. O recebimento do salário dos servidores do Estado já está praticamente normalizado. De acordo com o Plano de Recuperação Fiscal do Rio, em 2020 há perspectiva de um resultado primário fiscal de R$ 2.080 bilhões.

Ainda segundo a Secretaria da Fazenda, o Estado tem seguido as medidas que constam no Regime de Recuperação Fiscal. Entre as ações com impacto na receita estão a revisão dos incentivos fiscais, a securitização da dívida ativa e o aumento da contribuição previdenciária, de 11% para 14%. O Estado também está em tratativas para conseguir a antecipação de royalties do petróleo para o pagamento de despesas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Agência Estado

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