FGV: alta do gás traz pressão extra; IPCA pode fechar ano na faixa de 3,1%
Mesmo que o repasse não seja totalmente feito, o economista avalia que o IPCA fechado deste mês já será pressionado por energia elétrica em razão da mudança de bandeira amarela para vermelha. Em sua estimativa, um repasse da ordem de 8% não poderia ser ignorado.
A Petrobras estima que o preço do botijão de GLP P-13 possa ser reajustado, em média, em 5,1% ou cerca de R$ 3,09 cada. "Com isso, o IPCA pode se aproximar de 0,50%, o que não se vê há muito tempo", estima.
Com base na série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), caso o IPCA atinja 0,50% no fechamento de outubro, será o nível mais elevado para o mês desde 2011, quando chegou a 0,43%. "Esse aumento da Petrobras deve reorientar as projeções e inflação do ano pode migrar mais para a faixa de 3,1%, diz Braz.
A despeito de considerar que o quadro para a inflação fechada em 2017 não irá sofrer mudança significativa a ponto de preocupar a autoridade monetária, esse tipo de reajuste acaba por pesar bastante principalmente no orçamento das famílias de baixa renda. "Muitos estão enfrentando uma situação difícil, sem emprego, e o gás de cozinha é um gasto que não pode ser substituído. A situação fica ainda mais complicada", afirma.
Surpresa
No IPCA de setembro, o encarecimento do gás de cozinha provocou impacto de 0,06 ponto porcentual no indicador, que ficou em 0,16% (de 0,19% em agosto), causando surpresa entre economistas. Isso porque as coletas vinham captando repasses menos expressivos. "No IPCA-15 de setembro, apareceu de forma tímida, mas no IPCA fechado veio forte", ressalta Braz.