Empresário Carlos Slim defende que México fortaleça mercado doméstico
"Nós temos de fortalecer nosso nacionalismo", disse Slim, o homem mais rico do mundo, em entrevista coletiva nesta sexta-feira. "O desenvolvimento do setor externo desde os anos 1980 tem sido bom, mas é muito importante fortalecer o desenvolvimento interno por meio de mais investimentos nacionais."
O setor exportador tem sido o motor do crescimento mexicano há três décadas, mas esse modelo está ameaçado agora que Trump propõe a renegociação do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês). O novo líder também enfureceu os mexicanos com planos de construir um muro na fronteira. "O melhor muro são oportunidades, crescimento e emprego no México", disse Slim.
Segundo estatísticas do governo, o investimento público no México está em seu patamar mais baixo desde os anos 1930 como parcela da economia, enquanto os salários estão estagnados em termos reais desde o início dos anos 1990.
Slim elogiou o fato de que o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, tenha cancelado uma visita aos EUA após Trump reiterar que o México pagará pela proposta dele de construir um muro na fronteira. Os dois presidente falaram por telefone nesta sexta-feira e concordaram em continuar com o diálogo bilateral entre os governos.
O empresário pediu unidade nacional, enquanto descreveu o estado das relações entre México e EUA como o pior em um século. "Nós aprendemos a lição de não estarmos unidos", disse, referindo-se à perda de metade do território na guerra entre EUA e México em 1846-48.
Caso imponham tarifas na fronteira, Slim disse que os EUA conseguiriam retomar milhares de empregos na indústria, mas os americanos pagariam mais caro pelos produtos.
A incerteza sobre as políticas comerciais de Trump levou o peso mexicano a mínimas históricas nas últimas semanas, para cerca de 21 pesos ante o dólar. "A taxa de câmbio está totalmente artificial. Isso é loucura", disse Slim. Por outro lado, o empresário mostrou confiança na possibilidade de que o México renegocie com sucesso o Nafta. Fonte: Dow Jones Newswires.